Que semana, hein! Parece até sacanagem... Mal lidamos com a partida de Sílvio Santos e os jornais e tabloides nos trazem a notícia da morte do ator Alain Delon. Confesso: tenho sentimentos dúbios sobre o artista. Sempre o achei por demais antipático e posudo, mas mesmo assim gostava de ver seus longas.
Impossível dissociá-lo do clássico Rocco e seus irmãos, de Luchino Visconti, daquelas produções cinematográficas que sempre serão lembradas como eternas ao redor do mundo. E ele, para mim, sempre será Rocco Parondi, está incrustado em seu dna artístico. Contudo, sempre que me lembro de suas atuações, não consigo evitar a lembrança de Alain como o Tom Ripley, protagonista de Patricia Highsmith, em O sol por testemunha, de René Clément (que o próprio Delon confessara ser o diretor mais importante em sua carreira).
Além das indicações óbvias, deem também - cinéfilos de primeira viagem - uma oportunidade à Borsalino (em parceria com seu buddy Jean-Paul Belmondo, outro gigante da sétima arte francesa) e, claro, o magnífico O leopardo (lembro que corri que nem louco atrás do romance depois que vi a versão para o cinema). E há também uma série de filmes policiais extraordinários com ele, dignos de nota. Procurem no perfil do ator na IMDb.
A vida de Alain Delon também foi marcada por escândalos (o filho com a cantora Nico, acusações de assédio, até incitação ao estupro) e isso, de certa forma, ajudou a queimar o filme do artista nas últimas décadas. Sim, sua morte não foi tão sentida no país quanto a imprensa almejava.
Alain andou dando declarações bombásticas nos últimos tempos, muitas delas homofóbicas e preconceituosas. Outro tema que pautou seu nome nos últimos anos foi sua decisão junto a família de realizar o suicídio assistido (até o presente momento, não sei se ele teve o seu desejo atendido). As brigas entre os filhos por conta do patrimônio dele também ganharam as manchetes de forma impactante.
E ainda houve a história do arsenal que a polícia encontrou em sua residência durante uma batida. Em suma: ele também acabou se tornando um expoente desse conservadorismo covarde que vem ganhando status nos últimos anos na Europa, bem como no resto do mundo. O que é triste, em se tratando de uma figura pública tão importante quanto ele.
Entretanto, mesmo com tantos revezes, acho difícil que algum outro ator na França consiga destroná-lo do status de maior galã do cinema francês. Sua imagem era tão icônica e as mulheres, tão loucas por ele, que praticamente acabou se tornando um modelo de beleza praticamente insuperável.
Enfim... É mais uma perda irreparável (e insubstituível) para a história do cinema mundial. E a continuarmos nesse ritmo, temo pelo futuro da sétima arte.
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