quinta-feira, 1 de agosto de 2024

35 anos sem o rei do baião


Dizer que nossa MPB é múltipla - embora um idiota aqui e ali prefira defender apenas sua zona de conforto -, é chover no molhado. Entretanto, há figuras que merecem (com todo o orgulho) um lugar especial em nosso mercado fonográfico e, principalmente, em nossa cultura. 

Um deles, e sem parar muito para pensar ou refletir, é Luiz Gonzaga, nosso eterno rei do baião. Quem mais poderia merecer a alcunha de "a cara do Brasil"? Que outro artista poderia rivalizar com ele na hora de falar (cantando) o que é o nosso povo miscigenado? Acho, sinceramente, a competição até injusta, seja lá quem for o outro artista em questão. 

E eis que chegamos a três décadas e meia sem Luiz Gonzaga (ou simplesmente Lula, como gostava de lhe chamar a cantora Elba Ramalho). Mais do que uma mera saudade que não tem tamanho, a ausência de Gonzaga em nosso cancioneiro é um buraco que não se fecha. Contudo, é respeitado e relido sempre que pode na obra de nossos artistas contemporâneos, que reconhecem sua influência bem como seu legado para a nossa música. 

O homem que nos entregou interpretações como "Asa Branca" (clássico eterno e insubstituível), "Vem morena", "Xote das meninas", "A vida do viajante", "Dezessete e setecentos", "Respeita Januário", "Pagode russo", "O chêro da Carolina", e tantos outros hits, definiu musicalmente a cara que o nosso povo sempre teve. 

Pergunte a qualquer pessoa que já ouviu alguma canção interpretada por ele, o que ela (a canção) lhe significou. Você certamente ficará surpreso com a resposta. Eu próprio quis entender o que era o nordeste deste país por causa de suas músicas. 

E esse jeito simples e poderoso de cantar, de emitir sua mensagem de forma a atender a todos os públicos é justamente o que anda em falta na nova geração de artistas, mais preocupada com status financeiro e com quebrar recordes duvidosos numa era da internet cada dia mais confusa e contraditória. 

Mais triste ainda é saber que seu filho, Gonzaguinha - outro gênio da MPB, mestre na arte de criar canções poderosas -, também já não se encontra mais entre nós. E eu penso, então, vencido: o que sobrou para nós, pobres e verdadeiros fãs da boa música brasileira? sem obter uma resposta minimamente palpável. 

Que o dia de hoje sirva para relembrarmos - e reescutarmos - esse mito da história da nossa música popular. Porque acreditem: outro como ele? Acho que nunca mais.  


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