sábado, 31 de outubro de 2020

Para sempre Bond, James Bond


O meu pai dizia que, depois de John Wayne e Clint Eastwood, ele era o maior astro que o cinema hollywoodiano já teve. E muito por causa dessa declaração eu corri atrás durante anos - desde os tempos de VHS e das vídeo locadoras de bairro -, procurando por seus filmes, mesmo os mais antigos, em preto-e-branco. E meu pai estava absolutamente certo. O cara era uma lenda, insubstituível! 

Dito isto, como lidar com o fato de que o cinema americano (e a sétima arte mundial) perderam o ator Sean Connery, que faleceu hoje, dormindo, aos 90 anos de idade? Não, meus caros leitores, não há palavras suficientes que expliquem essa perda. 

Connery se consagrou de forma definitiva por um dos personagens mais famosos da história de hollywood: o agente da Scotland Yard Bond, James Bond. Encarnou o agente britânico por sete vezes (até hoje o que mais interpretou o personagem), durante os anos de 1962 e 1983. E desde já confesso minha predileção por 007 contra Goldfinger, um clássico eterno... Contudo, eu vou mandar vocês verem (ou reverem) todos. E isso é uma ordem. 

Entretanto, iludem-se ou não conhecem de fato sua filmografia aqueles que o resumem apenas a isto. Pelo contrário. Sean foi um artista eclético, versátil, capaz de transitar de Shakespeare ao universo das adaptações de histórias em quadrinhos com o mesmo impacto. Não existia para ele "personagens menores". 

O golpe de John Anderson (filme de Sidney Lumet que deveria ser redescoberto pelas novas gerações); Zardoz (ficção científica alucinógena do diretor John Boorman); O homem que queria ser rei (de John Huston); Robin e Marian (onde entrega um Robin hood envelhecido ao lado de Audrey Hepburn para o diretor Richard Lester); Outland: comando titânico; o imortal Ramirez de Highlander: o guerreiro imortal; o monge detetive Baskerville de O nome da rosa; e até mesmo na pele do pai de Indiana Jones, clássico de Spielberg. 

Todas essas produções - e muitas outras - tiveram a ilustre presença e talento de Sir Sean Connery (sim, e ainda por cima ele foi reconhecido pela realeza britânica). 

Adendo importantíssimo: a voz é um capítulo fundamental na carreira de Connery. Considero-a, aliás, uma das melhores que eu ouvi no meio até hoje. Quem quiser entender melhor do que eu estou falando procure por Coração de dragão, de Rob Cohen, no qual dá voz à Draco (eu fui ao cinema, na época, só para ouvir a parte dele!). 

De seus últimos longas antes da aposentadoria, meus preferidos são Justa Causa, de Arne Glimcher; A rocha, de Michael Bay; Lancelot: o primeiro cavaleiro, de Jerry Zucker (onde encarna o Rei Arthur) e o extraordinário Encontrando Forrester, de Gus Van Sant, para mim seu último grande filme. 

E eu sei que vocês vão perguntar "mas você não esqueceu do...?". Claro que não. Como esquecer do indefectível Os intocáveis, de Brian de Palma, pelo qual o ator ganhou o Oscar de melhor ator coadjuvante em 1998, pela interpretação do detetive Jimmy Malone? Eu simplesmente achei que ele merecia um parágrafo só para ele. 

Com a morte de Connery o cinema não perde apenas seu mais famoso e icônico James Bond. Ele perde também sua elegância, suas boas escolhas e certamente seu carisma (algo que, nos últimos anos, eu venho sentindo falta na indústria cinematográfica). Se por um lado a sétima arte fica mais empobrecida a partir de hoje, ao menos temos o consolo de poder rever toda a sua obra, de preferência mais de uma vez. E acreditem: para quem nunca deu uma chance a esse mestre, não sabem o que estão perdendo!

Faltou dizer alguma coisa? Faltou. Fica com Deus e o meu muito obrigado!


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