Dizem os especialistas que nós, seres humanos, sonhamos praticamente todos os dias. Embora eu nunca lembre dos meus, acho o tema por demais fascinante. E desde que li A interpretação dos sonhos, de Sigmund Freud, volta e meia procuro por matérias e artigos científicos sobre o assunto (provavelmente motivado por meu lado psicólogo em formação, que eu não levei adiante pois escolhi comunicação social como área de formação na universidade).
Contudo, frustrações à parte, de tempos em tempos me deparo com eventos e artefatos culturais que trazem o interesse de volta à minha rotina. Como aconteceu com a exposição Sonhos - história, ciência e utopia, que estreou no Museu do Amanhã no último dia 18, e provavelmente será meu último programa cultural nesse ano de 2024.
A mostra, idealizada pelo neurocientista Sidarta Ribeiro, nos pergunta na cara dura se na correria do dia a dia, estamos sonhando menos? Difícil pra mim responder tal interrogação, pois minhas experiências oníricas nunca se reproduziram em memória (uma pena!), temática por sinal que dialoga diretamente com o mundo dos sonhos. E não somente ela. Sonhos despertam emoções, propõem futuros e jornadas a longo prazo, podem servir de pontes para o mundo espiritual (as civilizações antigas, por sinal, desenvolveram muitos estudos acerca disso).
E principalmente: são capazes também de oferecer novas descobertas científicas. Algo, aliás, que estamos precisando muito, num mundo que desmente o científico a todo momento em nome de fanatismos baratos e ideologias absurdas.
Fiquei encantado com a exposição, a começar pelo uso das cores. Entre tons de azuis e lilases (uma tonalidade que eu adoro desde sempre, embora pouco use como vestimenta no meu dia a dia), vislumbramos a sonhada utopia, subtema da mostra. Por algum motivo que não sei explicar ao certo, enquanto atravessava os corredores lembrei-me do filme Viagem ao Mundo dos Sonhos (1985), clássico do diretor Joe Dante, e da minha juventude à flor da pele, imaginando mundos - e sonhos - impossíveis, 90% deles não realizados até hoje.
Se quem idealizou a mostra tinha essa intenção, de me fazer viajar no tempo e em lembranças que eu considerava perdidas, acertou em cheio. Recomendo o programa para cinéfilos nostálgicos e pessoas extremamente bem resolvidas com as suas próprias jornadas de vida até aqui. Aposto que seus cérebros serão ativados a todo momento com fatos e feitos gloriosos (e, por que não dizer, curiosos) de suas próprias existências.
Não quero me alongar sobre detalhes e imagens específicas presentes no salão, pois é daquelas experiências que precisam ser apreciadas de forma individual, que cada um chegue a seu próprio denominador comum. Sonhos, para mim, são como o DNA. Cada um tem sua própria cadeia; logo, defini-los de forma coletiva chega a ser um absurdo. Mais que isso: uma falta de respeito. Logo, aproveitem. Vai até 27 de abril.
P.S: Feliz 2025.
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