Na carência - e ela anda em alta ultimamente - de boas ideias e eventos culturais interessantes a comentar, deparo-me com alguns exemplares pocket de Striptiras, do cartunista Laerte, sendo vendidos a preço de banana (e compro todos, é lógico!). Uma coisa que aprendi com sebos e feiras de livros é não deixar as grandes oportunidades passarem...
E não que voltei no tempo coisa de umas duas décadas e me relembrei dos dias em que ia à Madureira, subúrbio do RJ, num antigo sebo num subsolo da loja Ultralar & Lazer, para comprar ou trocar quadrinhos sempre que me desse na telha? Pois é.
Striptiras é caos puro, mas no melhor sentido da palavra. É sempre delicioso ler as tirinhas de Laerte e se deparar (de novo e de novo e novamente) com seu humor ácido, com seu traço típico, com sua verve e coragem típicas. Nada parece estar em seu lugar, mas ao mesmo tempo nós, leitores, no fundo, não queremos que esteja. Pois, do contrário, não testemunharemos sua genialidade.
Gato & Gata (e sua love story que tinha tudo - absolutamente tudo - para ser impossível), o Zelador (e sua eterna incapacidade de ser minimamente profissional), Virgínia Helena (segundo Laerte, a última beldade da história das HQs brazucas), Fagundes (o puxa-saco de mão cheia), Grafiteiro (o detonador do futuro) e tantos outros personagens icônicos que nunca caberão no discurso do politicamente correto de hoje em dia.
E foi essa justamente a questão que me fez querer relê-los: onde foi parar o underground carioca, a cara de pau dos que desafiavam o sistema e as convenções sociais? Por que é tão difícil encontrar 10% disso na atual cultura carioca? Onde foi parar os culhões dessa gente contemporânea? Enfim... Que bom que nos resta o passado e sua eterna capacidade de esbarrar em nós de tempos em tempos, para lembrarmos do que valia a pena!
P.S: fiquei com vontade de reler Febeapá, do Stanislaw Ponte Preta, também. Será que encontro fácil para comprar (mesmo de segunda mão)?
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