domingo, 8 de dezembro de 2024

30 anos sem o maestro


Eu não sei explicar com exatidão o que certos artistas possuem que os tornam tão ímpares, e mesmo assim eles o são. Talvez seja sua capacidade de encantarem o mundo fazendo o simples, porém bem feito (e digo isso em tempos de MPB e world music cada dia mais vulgar e tatibitate). De certeza, mesmo, apenas uma: Tom Jobim, que este ano completa três décadas de falecido, faz parte desse seleto grupo. 

E infeliz daquele ouvinte que crê que ele é apenas o autor de "Garota de Ipanema", um clássico do nosso cancioneiro para qualquer fã de boa música que se preze!

Tom cantou, compôs, arranjou, e encantou - muito. Não somente aos fãs da Bossa Nova (da qual fez parte ao lado de João Gilberto, Vinícius de Morais e outras feras), mas de todas as tribos e gerações. 

Quando parecia ter se realizado definitivamente, veio o show no Carnegie Hill, a ida para os EUA, as gravações com Frank Sinatra e o restante do mundo, que se tornou estreito demais para explicá-lo. Fez trilhas sonoras para longas americanos, foi regravado por artistas internacionais os mais diversos, foi enredo da escola de samba Estação primeira de Mangueira (em 1992) e, principalmente, se tornou uma marca registrada dentro da música popular brasileira.

Para aqueles que não conhecem nada sobre o artista (o que, desde já, vou logo dizendo: é uma lástima), faço duas belas sugestões: 1) o documentário A Música segundo Tom Jobim, de Nelson Pereira dos Santos (2012), que traz um interessante conjunto do repertório desse gênio, tendo como intérpretes vozes mundo afora; e 2) o disco antológico Elis & Tom (1974), que completou cinco décadas de existência - e deslumbre - esse ano. 

Aposto que depois de apreciarem essa dupla magistral, vão querer saber ainda mais sobre esse mestre da música brazuca.

Termino este breve post pensando no quanto a partida do maestro e o passar das décadas só fez empobrecer ainda mais o nosso mercado fonográfico, cada vez mais refém de modinhas, dancinhas, artistas fúteis, caras e bocas desnecessárias e uma indústria vazia e extremamente apelativa do ponto de vista sexual. Uma pena. 

Já tivemos uma das melhores músicas do mundo e deem uma boa olhada no sobrou, no que o mercado transformou em cultura... 


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