Vem aí mais um especial de fim de ano do Roberto Carlos na Rede Globo... É sério? Sim, infelizmente. Não tinham comentado nas redes sociais que o do ano passado era o último, por conta da pífia audiência e repercussão? Pois é, mas... Não. Vai ter mais um. Mas dizem (leia-se: quem assistiu a gravação no Allianz Parque) que desta vez tem um clima de despedida.
Tomara.
O especial de fim de ano do Roberto Carlos na Rede Globo é uma história que já tem cinco décadas de existência e, cá entre nós, já poderia ter chegado ao seu término há, pelo menos, 10 anos. No barato.
Roberto Carlos já foi (e eu empreguei o verbo no passado, não se esqueçam!) o rei da jovem guarda, há quem diga da MPB. Também já foi o maior vendedor de discos do país, líder em direitos autorais no ECAD por décadas. E muito por conta disso foi, por anos, um grande negócio para a emissora exibir seus shows na época natalina.
Contudo, o tempo passou - e ele sempre passa numa velocidade e direção diferentes da que gostaríamos -, a MPB ganhou uma nova cara (não necessariamente mais interessante; na verdade, mais escrachada, vazia até) e ele, Roberto, angariou uma má fama em decorrência de suas próprias escolhas de vida. Vide o famigerado caso da biografia proibida.
Durante anos, acompanhamos o cantor e compositor de sucessos como "Emoções", "Sentado à beira do caminho", Cavalgada", "Café da manhã" e "Jesus Cristo", entre outros inúmeros hits, recebendo seus convidados (a nata da mesma MPB a qual ele foi rei) em apresentações, digamos, tradicionais.
O problema? O mundo do show business e da classe artística hoje está na contramão do que vende Roberto Carlos. Vivemos a estética das multidões (como bem escreve o intelectual Pierre Bordieu), dos megafestivais, de preços extorsivos e estruturas astronômicas. Nunca foi tão difícil encontrar um show simples como agora. E Roberto quer permanecer clássico numa era em que o gigantesco fala mais alto.
Resultado: seu programa chega ao ocaso refém da mesmice, da cafonice e não assimilando o que as novas gerações querem receber. Logo, melhor parar. Que seja agora, em 2024, fechando uma data redonda. E que vá cuidar da vida - e da fortuna - que acumulou ao longo da carreira. Acreditem: será bem mais sensato da parte dele.
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