Nada é mais triste (bem... perder os pais é certamente pior!) e desolador do que ser um refugiado. Ver o seu país de origem entrar em colapso - seja pelo conflito armado ou pela crise econômica que assola o mundo - e precisar abandoná-lo, por vezes as pressas, em alguns casos quase ameaçado de morte.
Quando o país de Azzi naufragou de vez, ela custou a entender porque precisou sair corrida de lá, com seus pais, para tentar uma nova realidade em outro lugar do mundo. E tudo precisou ser feito de forma quase cronometrada. Um deslize e o futuro poderia vir abaixo num piscar de olhos...
Ao chegar ao novo país (agora, seu novo lar), essa menina precisou reaprender tudo, a começar pela própria língua, além de novos costumes, amigos, opiniões, etc. E nunca é uma tarefa fácil.
Em Um outro país para Azzi, de Sarah Garland, a autora - que também passou pelo mesmo dilema -, conta-nos uma história seca, complexa e árdua, mas sem perder a pureza da idade de sua protagonista. Nos divertimos com a inocência de Azzi, nos preocupamos com sua dificuldade ao tentar aprender um novo idioma, nos surpreendemos com sua própria surpresa ao entender que precisará fazer novos amigos.
Independente de que desafio ela terá de encarar, com certeza fará isso com muita perspicácia e curiosidade, atributos que não perdeu mesmo em meio a toda essa tragédia.
É possível enxergar a história tanto como uma HQ quanto um livro infanto-juvenil. Sua narrativa, atualíssima, se presta a ambos formatos. Além disso, possui momentos de brilhantismo dignos de nota, como a travessia pelo mar rumo ao novo continente e também a decisão de manter presente a cidade natal sob escombros, após tantas batalhas que não levaram o país a lugar nenhum.
Sarah não especifica de que país de origem vem Azzi, mas todos, logicamente, sabemos bem de que região do mundo ela fala. Está em todos os tabloides, campanhas dos médicos sem fronteiras, discursos políticos, da ONU, doações de combate à fome. Só mesmo os alienados e estúpidos para não reconhecerem de onde vem toda essa paranoia.
Recomendo a leitura não somente aos filhos, mas principalmente aos pais. Alguns deles já deviam ter aberto os olhos para o tema há mais tempo. Quem sabe, agora...
Sem comentários:
Enviar um comentário