quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Mosfilm, um centenário para a sétima arte russa


Assim como os EUA tem hollywood, a índia tem bollywood e a Itália teve a  Cinecittà, é impossível falar do cinema russo e soviético sem mencionar a palavra Mosfilm. O maior estúdio de cinema da terra de Dostoiévski, Tolstói e Tchékov chega ao seu mais que justo centenário entregando ao público cinéfilo de todo o mundo por volta de 2500 longas-metragens, muitos deles tão icônicos quanto vários dos maiores clássicos do cinema americano. 

E ao contrário do que muitos detratores pensam (e regurgitam, em falas preconceituosas), não se trata apenas de uma cinema político ou de viés comunista. Há, isso sim, opções as mais diversas, para os mais variados tipos de público.

Entre suas obras mais conhecidas, é possível perceber temas recorrentes dentro do catálogo da empresa, tais como: as duas guerras mundias, Afeganistão, conflitos bélicos envolvendo a rússia com outros países da região, após o fim da União Soviética; comédias que satirizam abertamente os Estados Unidos, maior rival geopolítico do país; documentários que analisam de forma nua e crua o horror do nazismo; etc.

Dizer que a censura não foi um fator que permeou o cinema da União Soviética é, no mínimo, admitir covardia, e o país sempre teve problemas para distribuir certas obras, vistas como "inimigas da pátria". Mas, mesmo assim, o estúdio sobre driblar suas dificuldades logísticas e seguir em frente. 

Na prática a Mosfilm se trata de uma área de 34 hectares, com 15 pavilhões de cinema, o maior dos quais tem 2.000 metros quadrados, aberto ao público e sempre repleto de turistas fazendo tour e conhecendo um pouco da história da sétima arte russa (guardadas as devidas proporções, difícil não comparar imediatamente com o Prozac, das organizações Globo). 

O símbolo do estúdio é a gigantesca escultura “Trabalhador e mulher do Kolkhóz”, da artista soviética Vera Múkhina. A obra de arte pesa 185 toneladas e foi criada para o Pavilhão Soviético na Exposição Mundial de 1937, em Paris. E ele foi escolhido para representar o cinema russo após a Segunda Guerra Mundial, em 1947.

Para quem procura dicas por não saber por onde começar a fuçar no catálogo da empresa recomendo A Greve (1924), de Serguey Eisenstein; Quando Voam as Cegonhas (1957), de Mikhail Kalatozov, Velas Escarlates (1961), dirigido por Aleksandr Ptushko; Guerra e Paz (1967), de Serguêi Bondartchuk; Os Sinos da Noite (1973), de Vassily Shukshin; O Espelho (1975), de Andrei Tarkovski, Não posso ser! (1975), de Leonid Gayday; Dersu Uzala (1975), de Akira Kurosawa e Moscou não acredita em lágrimas (1979), de Vladímir Menchov - e isso como um leve aperitivo, por que o menu é vasto e interessantíssimo. 

E como arremate desse singelo post, não custa avisar que a Cinemateca brasileira realiza, até dia 24 de novembro, a 10ª Mostra Mosfilm de Cinema Soviético e Russo, excelente porta de entrada para quem quer saber mais tanto sobre o estúdio quanto a produção audiovisual do país. Fica a valiosa dica!


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