quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Acredite se quiser!


O mundo da arte, infelizmente, se rendeu ao mercado nocivo das provocações, das criações inúteis, dos artistas como sinônimo de escandalizar ou tirar sarro da cara da sociedade contemporânea. E não bastasse tudo isso ainda somos convidados a aplaudir esse circo dos horrores segundo a visão torpe do mundo opaco da internet e das redes sociais, com comentários vazios, levianos, voltados única e exclusivamente para o consumo barato. 

Pego-me estupefato com a notícia de que "a arte da banana" (é assim que se referem a ela no google), obra conceitual do italiano Maurizio Cattelan, foi vendida por R$ 35 milhões em um leilão. Mais do que isso: que haviam 7 (sete) compradores disputando ela com unhas e dentes. 

A obra em questão não passa de uma reles banana presa a uma parede por uma fita isolante, como visto na foto acima. Detalhe: a peça chegou a ser mordida duas vezes enquanto exposta, por pessoas que pensavam se tratar de uma reles fruta para ser consumida no ato. Sim, é bizarro, eu sei...

E se levarmos em consideração que Vik Muniz já transformou lixo em quadros famosos (vejam, quando puderem, o documentário Lixo extraordinário) e Damien Hirst usou fezes de morcego e serrou animais em seus "experimentos", pergunto-me: o que sobrou de lúcido ou, ao menos, de inventivo nas chamadas artes visuais?

Andy Wahrol tornou a banana famosa no passado, bem como Carmen Miranda. E acho praticamente impossível dissociar a imagem da fruta do icônico álbum da banda de rock Velvet Underground. Logo, nada mais justo - na visão de artistas e marchands, é lógico - que Cattelan ousasse ainda mais e a transformasse num objeto ainda mais valioso e cobiçado. 

Tristes tempos esses em que vivemos no qual o fútil virou objeto de luxo extorsivo para agradar a burgueses imbeciloides e seus sonhos de consumo cada vez mais atrozes...


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