Aconteceu de novo. Eu vi a notícia do falecimento do ator Ryan O'Neal e assim como quase fiz com o guitarrista Lanny Gordin, ia me limitar a postar em meu perfil no twitter um post R.I.P. Mas não resisti. Lembrar de O'Neal é tão mágico, tão sublime para a história do cinema, que pensei (de novo): eu preciso falar um pouco mais do que isso.
Infelizmente, muitos fãs preferem lembrar de Ryan apenas como um dos grandes galãs do cinema hollywoodiano (e em grande parte por causa de seu personagem Oliver em Love story, de Arthur Hiller). Cá entre nós: estão erradíssimos! Ele foi bem mais do que isso e merece - a meu ver - um capítulo à parte na história do cinema americano.
Era fácil entender porque as mulheres eram loucas por ele (e olha que ele foi casado com a melhor das panteras, Farrah Fawcett, minha crush eterna!). Entretanto, ele também tinha um biotipo que funcionava para praticamente tudo. Podíamos vê-lo em comédias românticas e também em filmes de espionagem. Fez faroeste quando a oportunidade lhe apareceu, e deu até as caras na famosa série de tv Perry Mason.
Mais do que isso: como esquecer que ele foi Barry Lyndon, no longa homônimo - e inesquecível - do mestre Stanley Kubrick? Que quando o assisti, ainda moleque durante uma sessão do Corujão num longínquo anos 1990, fiquei semanas ruminando sua presença nas telas, a trama forte, precisa, sem rodeios. Houve um tempo em que eu queria ser ele.
Contudo, nada dignifica mais sua carreira do que sua parceria com o diretor (também já falecido) Peter Bogdanovich. Primeiro pelo clássico e exuberante Lua de papel, onde interpreta Moses Pray, um golpista que precisa levar uma jovem pirralha (atuação ímpar de Tatum O'Neal) que acabou de perder a mãe, até a casa de seus parentes, mas se mete em inúmeras confusas pelo meio do caminho; e depois por No mundo do cinema, que mostra os bastidores de uma produção cinematográfica nos anos 1910 (e que deveria ser mais badalado pelos fãs, tanto de Ryan quanto de Bodagnovich).
Dicas e gostos à parte, se puderem entrar no perfil do ator no IMDb, fuçem toda a filmografia dele. Aposto que se surpreenderão com suas escolhas de carreira, que iam bem além de um mero rosto (ou corpo) bonito.
Uma pena! Ryan, que nos deixa aos 82 anos, é mais um que parte e deixa os cinéfilos mais nostálgicos cientes de que hollywood vem empobrecendo culturalmente dia-a-dia e sem uma renovação à altura. Só nos resta, ao fim, caçarmos alguma coisa com ele para ver no you tube ou algum serviço de streaming (nessa caso, uma tarefa um pouco mais complicada, vide o imediatismo dessas empresas e seu descompromisso com a história audiovisual). De repente, quem sabe, não programam algo no Telecine Cult... Ou talvez eu esteja só sonhando acordado.
Em suma: fica com Deus, Ryan! Você vai fazer falta.
Sem comentários:
Enviar um comentário