O século XX está todo indo embora...
Mais um poeta pop partiu? Infelizmente. E dos bons, é bom avisar logo! É por causa de pessoas como Antônio Cícero, que faleceu hoje aos 79 anos, que a MPB merece ser muito celebrada. Não, não é exagero, não! E quem pensa assim certamente nunca ouviu suas canções (ou leu seus livros). Cícero era foda - e ponto.
Além de poeta, escritor, letrista, crítico literário, professor de filosofia, imortal da Academia Brasileira de Letras... a lista é imensa, e ainda assim insuficiente para explicá-lo.
Deixou ensaios e colunas para jornais (escreveu para a Folha de São de Paulo de 2007 a 2010) célebres, livros extraordinários - como O mundo desde o fim (1995), no qual reflete sobre a modernidade, e A cidade e os livros (2002) -, músicas que marcaram época... Seus amigos diziam que ele "foi grande poeta, tanto no livro como na canção; sabia que letra de música pode ser sim boa poesia".
Estudou em Londres (quando esteve no exílio) e fez Pós em Georgetown, nos EUA. Seu poema mais famoso, "Guardar", entrou para a maravilhosa antologia 100 melhores poemas brasileiros do século, organizada por Ítalo Moriconi. Participou do documentário Janela da alma, de João Jardim e Walter Carvalho.
Mas seu maior legado ficou na MPB, em parcerias com Cláudio Zoli, Waly Salomão, Adriana Calcanhotto, Lulu Santos, Caetano Veloso e com sua irmã, a cantora Marina Lima. Impossível esquecer de "Fullgás", "À francesa", "O último romântico", "Maresia" e tantos outros hits. E parecia tudo tão fácil, do jeito que ele escrevia.
Cícero estava na Suíça e escolheu o suicídio assistido para deixar este plano. Um direito e uma escolha dele que muitos certamente não entenderão. Ficam a obra antológica e os ensinamentos desse grande mestre que eu tive a honra de assistir numa palestra universitária uma década atrás. Vai fazer falta - e muita. Fica com Deus, poeta!
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