Quando estava encerrando meu dia na internet ontem me deparei com a triste notícia da morte do publicitário Washington Olivetto, aos 73 anos. E imediatamente meu cérebro viajou no espaço-tempo. Por quê? Não consigo imaginar minha adolescência sem a presença de seu trabalho icônico na propaganda. Não à toa o considero nosso maior nome nesse setor até hoje.
Seus comerciais ditaram grande parte da minha relação com a televisão e a própria cultura pop e até hoje faço correlações entre a nova geração de publicitários e seu trabalho visionário, à frente do próprio tempo.
São muitas as memórias nostálgicas do seu trabalho: o Garoto Bombril (1978), com Carlos Moreno: a palha de aço das "mil e uma utilidades"; o Primeiro Sutiã, da Valisère, com a atriz Patrícia Lucchesi (1987) e a frase que virou cult: "o primeiro sutiã a gente nunca esquece"; Hitler, feito para o jornal Folha de S. Paulo (1989), que chocou o público com a mensagem “é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade”; Vulcabras 752 (1990), apresentado pela cantora e apresentadora Hebe Camargo; o Cachorrinho da Cofap (1994), dos amortecedores, e o slogan "o melhor amigo do carro e do dono do carro" (a raça dachshund ficou conhecida por muitos anos como o cão da Cofap)... A lista é imensa e somente ela já renderia um texto próprio.
Washington fez história na agência DPZ e criou sua própria agência, a W/Brasil, reconhecida internacionalmente (e cujo nome muitos associam à canção homônima de Jorge Benjor).
Mais do que isso, ele foi gigantesco em muitos aspectos: foi um dos publicitários mais premiados do mundo, conquistando mais de 50 Leões no Festival de Publicidade de Cannes; é o único latino-americano a ganhar um Clio Awards (em 2001); foi eleito duas vezes o publicitário do século pela ALAP (Associação Latino-Americana de Publicidade) e ainda produziu os únicos dois comerciais brasileiros presentes na lista dos 100 maiores do mundo de todos os tempos. Precisa dizer mais alguma coisa?
A morte de Olivetto, assim como a de Cid Moreira e Rita Lee nos últimos tempos, me faz pensar que estamos nos despedindo do século XX (ou seja: daqueles que produziram algum significado para o século) aos poucos, e isso é por demais triste. Nunca precisamos tanto de referenciais como agora. E só o que vejo ao meu redor é melancolia, uma sociedade que só pensa em guerra e divisão social. Que novos personagens interessantes possam surgir para cobrir a lacuna deixada por estes indivíduos extraordinários.
E Olivetto... fica com Deus, meu caro! Seu legado será eterno.
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