segunda-feira, 21 de outubro de 2024

40 anos sem Truffaut


Eu nunca vou me esquecer dele como o cientista Claude Lacombe de Contatos imediatos do terceiro grau, do diretor Steven Spielberg (até porque eu revi o longa umas 20 vezes durante a década de 90 e virou um filme fetiche da minha adolescência). François Truffaut tinha uma elegância que eu não conseguia enxergar nos outros diretores da nouvelle vague (e não estou dizendo com isso que os outros eram piores!) e, por isso, se tornou para mim o diretor mais importante daquela geração. 

Posso dizer com toda a segurança que todos os filmes dele que assisti mexeram comigo de alguma forma, e nenhum em especial me deixou decepcionado, o que já é sinal mais que óbvio de estar diante de um cineasta acima da média (e isso é pra poucos). Além disso, seus textos escritos na Cahiers du Cinéma pautaram minha decisão de escrever sobre cinema de tempos em tempos.

Em 21 de outubro de 1984, aos 52 anos, ele nos deixou, vítima de um tumor cerebral, mas cá entre nós: ainda sinto sua presença, seu estilo e faço questão de rever sua obra sempre que posso. É daqueles artistas que você quer trazer perto do coração, que faz questão de incluir na sua formação cultural, simplesmente porque o trabalho dele faz toda a diferença em meio a tanta gente posando de famoso e popstar hoje em dia. 

Com Antoine Doinel, de Os incompreendidos, ele nos entregou um rito de passagem poderosíssimo; falou de cinema metalinguisticamente em A noite americana; Já o trio Catherine, Jules e Jim entrou para a história da sétima como o triângulo amoroso por natureza; fez do incêndio dos livros em Fahrenheit 451, adaptado da obra de Ray Bradbury, um libelo contra o fascismo; e ainda nos entregou a sereia do Mississippi, Adele Hugo, o garoto selvagem, o homem que amava as mulheres e muito mais...

O único porém em sua carreira? ter vivido pouco, pois eu me pergunto o que ele não teria entregue ao público se não tivesse partido de forma tão prematura. Para quem gosta de ler sobre grandes cineastas, recomendo de olhos fechados O prazer dos olhos - escritos sobre cinema, de autoria do próprio diretor, e Truffaut - Uma Biografia, da dupla Antoine De Baecque e Serge Toubiana. E ainda tem o curto (porém ótimo) documentário François Truffaut - o rebelde, de Alexandre Moix. 

E como eu sempre aviso nesses posts homenagens: não deixem de ir à procura de sua filmografia maravilhosa. Valerá cada segundo do seu tempo!   


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