sexta-feira, 17 de maio de 2024

O corvo: 3 décadas e uma perda


Eu já devia ter postado isso aqui, mas as mortes de Roger Corman e Paulo César Pereio alteraram os rumos do blog...

Até hoje quando lembro da imagem de Brandon Lee caracterizado como o corvo eu penso: "não estava preparado para aquela desconstrução e nada do que ele vinha fazendo na carreira até então dava a entender que ele fosse seguir aquele caminho". Guardadas as devidas proporções, foi tão inovador e deslumbrante quanto ver Heath Ledger a primeira vez como coringa em O Cavaleiro das trevas, de Christopher Nolan.

E infelizmente (para Brandon e os fãs de sua cinematografia ainda em construção) aquele seria seu último longa. 

Quase me esqueço de comentar aqui os 30 anos de O Corvo, de Alex Proyas. Sério que já tem esse tempo todo? O passar da idade é definitivamente uma tragédia! Eric Draven, seu personagem principal, o rockstar brutalmente assassinado, junto com sua namorada, por membros de uma gangue, figurou por muitos anos na minha lista de protagonistas inesquecíveis. 

Contudo, é preciso ressaltar: Brandon - filho do mestre das artes marciais Bruce Lee, também morto tragicamente - já vinha chamando minha atenção como action hero. Seus dois longas anteriores, O massacre no bairro japonês e Rajada de fogo, eram exemplares interessantes de uma carreira que vinha sendo bem construída (e olha que o páreo naquela época era difícil, disputando telas com estrelas como Jean-Claude Van Damme, Steven Seagal, Bruce Willis, Lorenzo Lamas, Stallone, Schwarzenegger e cia.)

O corvo acabou entrando para a história do cinema como "o filme da tragédia", por conta do acidente envolvendo um projétil de uma arma de fogo disparada no set. Muitos anos depois, assisti a primeira temporada da série documental Cursed films, sobre longas marcados por mortes, acidentes e situações estranhas, e no episódio sobre o filme de Proyas me passou a sensação de que alguns membros da equipe viram negligência no caso. Enfim... Polêmicas à parte, o voo do cisne de Brandon Lee ainda é um marco da sétima arte. 

Independente das inúmeras sequências tenebrosas realizadas (o filme nunca teve um sucessor à altura e em breve mais uma tentativa estreará em hollywood com o ator Bill Skarsgard na pele do protagonista), o longa original resguardou sua essência e seu estilo de forma eficaz. Lembro com enorme júbilo de todo o clima dark presente na trama e nas cenas de ação criadas. Dizem que Brandon morreu no início das filmagens, mas o resultado final se mantém íntegro e forte mesmo sem sua presença. 

E se por um lado perdemos uma jovem promessa, por outro acho importante que as novas gerações conheçam o filme. Quem sabe elas consigam entender o quanto o gênero era mais objetivo naquela época, focado em roteiros mais interessantes e sem tanta gastação de dinheiro, cgis vazios e artistas sem carisma. Fica a dica aos ditos nerds, que adoram exaltar as megaproduções atuais e diminuir o impacto do cinema feito em décadas passadas. 

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