Pergunto-me quase constantemente a quem interessa hoje em dia o discurso de como iniciou a guerra a, b ou c... São tantas e praticamente todas elas parecem tão iguais! Tremenda estupidez da parte de quem, a priori, só finge de isento, acreditar que a origem do conflito define que destino ele terá.
Foi exatamente nisso que me peguei refletindo enquanto assistia Guerra Civil, novo longa do diretor Alex Garland. Na verdade, fiquei foi bem mais curioso acerca do futuro pós-guerra, após testemunhar a última cena do filme.
Garland não se importa com quem começou a guerra ou não, quem está certo ou errado, quem tem seus motivos, se são mais fortes ou éticos do que o outro lado (ou não)... Esqueçam essa parte. Este não é um livro de história do Eric Hobsbawn, muito menos um tratado filosófico sobre a microfísica do poder.
Acompanhamos, isso sim, o combate do ponto de vista da imprensa. E há vários modelos diferentes de imprensa aqui: Lee (Kirsten Dunst) é a fotojornalista de guerra consagrada, a lenda, aquela que praticamente já testemunhou os horrores do conflito em suas mais diferentes nuances; Joel (Wagner Moura) é o viciado em adrenalina que toda redação de jornal possui ou já possuiu, aquele cara que simplesmente não consegue ficar longe do tiroteio, da matança, do caos; Sammy (Stephen McKinley Henderson) é o veterano, a voz da experiência, sempre transitando entre o rebelde à procura de um novo furo de reportagem e o conservador que não quer ultrapassar os limites da ética; e Jesse (Cailee Spaeny) é a novata, marinheira de primeira viagem, cheia de gás, energia, sonhos, ideologias e o que mais couber no pacote.
O que eles desejam? Chegar à Washington D.C e entrevistar o presidente, antes que ele seja morto bem como o restante de tudo o que tenha a ver com a Casa Branca (que, aqui, nada mais é do que um discurso falido, ultrapassado).
E enquanto testemunhamos, pela janela do carro, a destruição dos EUA numa batalha Tio Sam x Tio Sam (algo, para muitos aqui no Brasil, inimaginável em todos os sentidos) o que percebo é que no fim se trata apenas da maldita guerra. Ou seja: um ensaio sobre o nada promovido pela repugnância fabricada por homens prepotentes e infantilóides.
Mas como se sai disso? É possível um mundo além disso, de toda essa torpe realidade, de tanta disputa, de tantos descontentamentos, às vezes pelas razões mais fúteis? Acredito que refletir sobre isso - e não ficar apegado à motivos, origens, catalisadores, etc - seja o maior legado desse puta projeto. E infelizmente a mesquinhez da parte alienada da sociedade não consegue entender, sequer enxergar isso.
Logo, sobra apenas o "até quando? ".
Sem comentários:
Enviar um comentário