Ele estreou na literatura há 50 anos e permanece relevante como poucos no mercado editorial. Vou mais além: não consigo imaginar um outro autor nas últimas cinco décadas (e olha que há ficcionistas extraordinários no meio!) como sinônimo do gênero terror além dele. Vejo-o como um H.P.Lovecraft contemporâneo - guardadas as devidas proporções, é lógico.
De quem falo? De Stephen King, ora bolas! Um escritor cuja obra veio parar nas minhas mãos pela primeira vez de forma bastante acidental: eu encontrei no lixo do prédio onde eu morava um exemplar carcomido de A hora da zona morta (cuja adaptação cinematográfica, feita por David Cronenberg, eu assisti 6 meses depois) e devorei em apenas 72 horas. Para reler duas semanas depois.
De lá para O iluminado, Carrie - a estranha, Christine, It: a obra-prima do medo (hoje em dia editam este como It: a coisa), Louca obsessão (ou simplesmente Misery) foi um pulo e infinitas idas e vindas à sebos e livrarias. Um processo por demais viciante e não menos prazeroso.
E o mais interessante: Stephen mostrou que o horror não estava presente apenas em figuras sobrenaturais, possuídas, alienígenas... Não. Ele conseguiu extrair da vida cotidiana e dos dilemas morais de uma sociedade caótica e fragmentada como a norte-americana matéria-prima para o sobrenatural. Mais do que isso: fez dessa escolha um cartão de visitas da sua obra, tornando-a única dentro de um cenário editorial cada vez mais competitivo.
Entre seus inúmeros temas, os fãs puderam testemunhar uma desconstrução acerca da morte de JFK, figuras paranormais, ciganas vingativas, um mistério sobrenatural no corredor da morte, um quarto de hotel mal-assombrado, um jogo televisivo de proporções catastróficas e até mesmo tentáculos assassinos, dentre outras peripécias narrativas.
Todos aguardam ansiosos seus lançamentos, bem como as adaptações para cinema e quadrinhos de sua obra. Isso sem contar o seu filho, Joe Hill, que nos últimos anos também vem ganhando seu espaço nessa grande selva que é o mercado de entretenimento.
É difícil indicar a iniciados por onde começar na obra desse grande gênio. Há histórias para todos os gostos e públicos. Além dos já citados no terceiro parágrafo, gosto muito de Duma Key, À espera de um milagre, As Quatro estações, Novembro de 63, O apanhador de sonhos, Os olhos do dragão e O talismã. Além desses, recomendo também Sobre a escrita (no qual King esmiuça seu processo criativo). Enfim... Em se tratando da lenda, o céu é realmente o limite.
Pouco tempo atrás vi em vídeos no youtube especialistas em literatura se perguntando se ele não mereceria um Nobel de literatura (mesmo se tratando de um autor comercial). Afinal, trata-se de um expert no tema a que se propõe. E se pararmos pra pensar em quem vem ganhando o prêmio nas últimas décadas, honestamente... Eu acharia, sim, digno da parte deles. Stephen vem fazendo muito mais pela literatura do que esses vencedores quase anônimos para grande parte do público. Um caso a se pensar.
E enquanto eles pensam, que o mestre continue nos alucinando com seus livros pelos próximos 50 anos (se ainda tiver fôlego).
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