domingo, 9 de junho de 2024

Pato Donald, 90 anos


Durante muitos anos - mais especificamente no período pré-adolescente - eu tive implicância com o personagem. Via na tv aberta seus desenhos e ele estava sempre irritado, se incomodava com tudo e tinha aquela voz de gralha (cheguei a ler num artigo de jornal certa vez a expressão "cabrito assustado" acerca da sua voz). Contudo, acabei vencido. Era apenas o charme, a particularidade dele. 

E eis que o pato Donald chega hoje à inacreditáveis 90 anos de idade, ainda comovendo e divertindo gerações. 

Quando exibiam na Rede Globo os episódios de Mickey e Donald eu não perdia um. E acredito que qualquer pessoa da minha geração tenha passado pela mesma experiência. Eu tentava fazer a voz do personagem, sem sucesso, e quando conheci seu dublador num programa de entrevistas fiquei impressionado com a facilidade com que ele fazia o timbre. Eu quase estourei minha garganta tentando. 

Já o SBT, quando começou a exibir Duck Tales - que trazia o Tio Patinhas numa versão modernizada - eu fiquei louco e cheguei a procurar os episódios em dvd para rever quando quisesse. Era meio que a constatação derradeira do sucesso daquele personagem, bem como do universo Disney em geral (bem diferente do momento equivocado que a empresa vem trilhando nos últimos anos).

Nos Estados Unidos, seu nome completo é Donald Fauntleroy Duck e antes que me perguntem se ele é de fato um pato, vou logo respondendo: "não; trata-se de um marreco". Tem sua imagem muito associada à marinha por conta da roupa e do quepe azuis e volta e meia recebe a visita dos sobrinhos Huguinho, Zezinho e Luisinho. E ainda tem um interesse amoroso, a Margarida.

No período em que lia gibis (aqueles pequenininhos) quase religiosamente, uma das edições que mais apareciam aqui em casa eram os Almanaques Disney, e as primeiras histórias que eu lia eram sempre as do Donald. Quando ele era importunado, então, pelo seu primo Peninha, eu as devorava rapidamente. Cheguei, inclusive, a ler exemplares no original em inglês no período em que estudava o idioma no CCAA.

Para a sorte do próprio personagem ainda demora um pouco até que ele entre em domínio público e vire alvo de especuladores e criadores de conteúdo que fogem e muito da proposta original, chegando a deturpá-la completamente (vide o que andam fazendo com o ursinho Pooh, transformado recentemente em serial killer sanguinário num filme B).

Ao fim deste pequeno texto (em tese) que acabou crescendo mais do que eu esperava, uma certeza: a de que eu também estou ficando velho e não imaginava, nem em meus sonhos mais loucos, que veria a chegada das nove décadas de um personagem tão icônico. Agora o jeito é esperar o centenário. 


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