Como é possível falar de Chico Buarque de forma sucinta? Não é. Sua obra e legado estão longe de serem sucintos. Logo, façamos uma homenagem justa e possível dentro deste humilde blog.
Francisco Buarque de Hollanda chega hoje aos 80 anos de idade e ainda esbanja charme, talento e um papel crítico - de resistência mesmo - gigantesco. Cantor, compositor, escritor, poeta (ele não gosta do termo, mas é, não adianta reclamar), dramaturgo, jogador de futebol bissexto, pensador, e o que mais for possível e eu não pude me lembrar agora, de primeira. Em suma: um vade-mécum da cultura brasileira.
De Ópera do malandro à Fazenda modelo, de Calabar (sua peça em parceria com Ruy Guerra) à Benjamim, de Gota d'água à Budapeste, de Roda viva (seu clássico eterno, tanto a canção - que apresentou no festival - quanto o espetáculo teatral) à Os saltimbancos trapalhões (sim, como esquecer daquela trilha sonora que até hoje eu ouço no you tube?), de Julinho de Adelaide, pseudônimo que criou para driblar a censura no período militar, à Leite derramado, de músicas antológicas como "Apesar de você", "Construção", "Pedro pedreiro", "Feijoada completa", "Olhos nos olhos" e tantas outras à O irmão alemão, do Polytheama (seu time de futebol) ao prêmio Camões recentemente ganho...
Chico é tudo isso e mais um tanto que não vai caber nesse post, pois pode estourar o limite de caracteres.
Seus detratores - aqueles, vocês sabem... - andaram rotulando-o de vendido, de inimigo da liberdade de expressão, etc... Quer saber? Quem perdeu foram eles mesmos. Não entenderam o requinte, a denúncia, o despojamento, o enfrentamento cultural de um artista que não cabe numa simples biografia, que dirá neste texto primário. Eu próprio, fã do artista há décadas, não sei se consigo explicá-lo de forma definitiva. Por quê? Porque enquanto ele estiver vivo, não será definitivo. Há sempre o que esperar de novo da sua parte.
Por exemplo: dizem que seu próximo romance, Bambino a Roma, será uma autoficção, e eu já o aguardo ansioso.
E como eu sei que muitos jornais, tabloides, sites e outros veículos irão falar dele exaustivamente no dia de hoje, paro por aqui. Entristecido, aviso desde já, pois gostaria de passar o dia dissecando sua obra. Mas ao mesmo tempo sei que nem uma tese de doutorado conseguiria tal façanha.
Grande Chico! Feliz Aniversário! E que venham os 90, os 100, os 110, enfim... a eternidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário