sexta-feira, 17 de novembro de 2023

That was entertainment!


Participei esta semana de um fórum online de cinema que discutia, entre outras temáticas, o futuro da sétima arte e as consequências da última greve dos sindicatos dos atores e roteiristas para a indústria cinematográfica. E em meio a debates acalorados vi muitos rostos (e discursos) de descontentamento com o caminho seguido nas últimas décadas pelo cinema blockbuster. 

De "a sensação é de que o sonho realmente acabou" à "o negócio e o lucro imediato engoliram a arte de vez", saí do evento com uma sensação de mau gosto na boca. Realmente, empresas como Marvel, DC, Lucas Film, Disney e outras corporações transformaram a palavra entretenimento numa coisa chata, repetitiva, em muitos casos até mesmo antipática (e os fanáticos, nerds, seguidores alienados contribuíram - e muito! - para isso).

Terminado o fórum ligo a tv, coloco no you tube e me deparo na tela inicial com a indicação do documentário Electric Boogaloo: the wild, untold story of Cannon Films, de Mark Hartley, legendado em português, na íntegra. Resultado: minha mente viajou no tempo pelo menos umas três décadas e me vi - de novo - fuçando prateleiras nas saudosas videolocadoras. 

Se você não viveu a época da Cannon Films, nunca entenderá o que eu senti - e ainda sinto - toda vez que me lembro do período (e das minhas peregrinações atrás dos filmes). 

Essa geração atual tem o Homem de Ferro, Capitão América, Thor, Nick Fury, Aquaman, Batman, Superman, Guardiões da Galáxia etc etc etc... Nós tínhamos Braddock (com Chuck Norris), Paul Kersey em Desejo de matar (com Charles Bronson), American ninja (com Michael Dudikoff) e o suprassumo do que existia de mais rico do que hoje chamamos de Cinema B. 

Electric Boogaloo nos apresenta o sonho (na verdade, um grande delírio que deu certo) dos primos Menahem Golam e Yoram Globus e sua saga para vingar em hollywood oferecendo uma opção "diferenciada" dos que os grandes estúdios produziram. E acreditem: eles realizaram uma façanha.

A Cannon era como uma espécie de fenda no tempo do mercado audiovisual. Podíamos torcer pela porradaria nos longas de ação como Assassinato nos EUA, Comando Delta, Stallone: Cobra (filme símbolo da minha adolescência), O grande dragão branco; acompanhar as aventuras de Allan Quattermain (algo como um Indiana Jones B, com Sharon Stone em começo de carreira) e também nos divertirmos com produções loucas como Lambada! A dança proibida, Breakin', O último americano virgem e o excêntrico musical A maçã.  

Grande parte desses filmes eram distribuídos aqui no Brasil pela America Video, que ficou famosa pela musiquinha que tocava nos trailers, parte da trilha sonora de Falcão - campeão dos campeões, um fenômeno da sessão da tarde nos anos 1980 que trazia Sylvester Stallone como um caminhoneiro que apostava todas as suas fichas num campeonato de queda de braço para sair do buraco e poder criar o filho.

Ao terminar de assistir o doc. me deu vontade, na mesma hora, de reencontrar a galera do fórum, desapontada com a indústria de hollywood, e enviar o link do filme para todos. Aposto que todos eles iriam se sentir como eu: renovados. Procurem no you tube! Ele ainda está por lá.

Aquilo, sim, era entretenimento, meus amigos! Quem viveu, não esquecerá jamais.       


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