Num mundo cheio de rótulos como esse em que vivemos atualmente, sabe quando você ouve uma expressão que realmente te deixa curioso, querendo saber mais a respeito, se realmente vale o seu tempo, a sua paciência, o seu envolvimento? Então... No meu caso é tal "exposição imersiva". Não fazia a menor ideia se era isso tudo mesmo ou apenas mais uma jogada de marketing, produto do empresariado que vê a realidade somente sob a ótica das cifras e inventou mais uma para arrecadar ainda mais. E só indo conferir in loco para tirar a prova dos nove.
E eis que o dia chega e vou ao Forte de Copacabana (lugar onde não pisava há quase 15 anos) para ver a exposição Frida Kahlo: uma biografia imersiva.
Sou louco por Frida desde que ouvi falar dela pela primeira vez. Lembro de quando o longa da diretora Julie Taymor (2002), com a atriz Salma Hayek interpretando a pintora, estreou nos cinemas. Foi um dos poucos longas até hoje que eu comprei ingresso antecipado na internet, tamanha a minha pressa e angústia para conhecer - ainda mais - sua história de vida.
Frida Kahlo é, para mim, como um trem desgovernado. Um mulher que mesmo após um acidente de bonde, presa a uma cama, e um diagnóstico de poliomielite aos 6 anos não desistiu de sua arte e continuou lutando, sobrevivendo, fazendo seus autorretratos.
E não pensem os incautos que seus quadros eram um acúmulo de tristezas, de cinzas, modorras e melancolia. Nada disso! É presença viva em sua obra cores fortes e traços marcantes. E nem mesmo suas cicatrizes físicas ela deixou de fora. Dizia para os amigos e admiradores que precisava pintar o que via (e para isso se utilizava de um espelho de frente para a cama onde estava deitada, enferma).
Na biografia imersiva proposta pela exposição que tem, entre seus realizadores, a Frida Kahlo Foundation, é possível acompanhar, deslumbrado (eu fiquei assim que adentrei o espaço!), 13 ambientes distintos, projeções em 360 graus, realidade virtual, além de coleções de fotografias históricas, filmes originais, instalações artísticas, itens de colecionador e ainda música original criada especialmente para o evento.
Olhava ao redor para ver os demais espectadores e todos pareciam tão estupefatos quanto eu, diante de tanta beleza e grandiosidade. Temos a todo momento a sensação de estar dentro de seus quadros, meio que viramos personagens de sua obra num estalar de dedos. É magnífico.
Ao final da visita, que dura por volta de 90 minutos, fiquei me perguntando se o tempo não correra rápido demais. Sim, meus caros, tive essa impressão! Mais até: poderia viver dentro daquele lugar o resto da minha vida, sem reclamar.
Só então me dei conta de que é isso que a arte e a cultura costumam fazer com quem se interessa por elas: ela nos hipnotiza e encarcera a tal ponto que não queremos mais nada além daquilo. E se pudermos, iremos até elas de novo, de novo e de novo numa paixão sem fim. E acreditem: tem gente no Brasil de hoje que acha isso perda de tempo.
Se exagerei em minhas impressões? Vai lá, então, e me responde aqui depois.
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