segunda-feira, 14 de junho de 2021

O arqueólogo mais famoso do cinema


"O cinema precisa de heróis. Sem eles, a sétima arte não teria a menor graça". A frase é do meu pai que já se encontra no andar de cima e me ensinou a admirar os clássicos e também o bom cinema. E ele estava coberto de razão. Por mais que, em alguns momentos, Hollywood tenha se perdido com a cultura excessiva dos super-heróis e a eterna batalha contra a destruição do mundo, ela também nos ensinou a acompanhar a jornada de grandes homens e mulheres imbuídos do desejo de fazer a coisa certa. E, como sempre, fazer a coisa certa nunca é uma tarefa fácil. Que o diga o arqueólogo mais famoso da história do cinema, Indiana Jones. 

Quando o diretor Steven Spielberg trouxe às telas o hoje cult professor de arqueologia que, nas horas vagas, entre uma aula e outra, enveredava por missões quase impossíveis, ele já era um cineasta renomado. Fosse pelo arrasa-quarteirão Tubarão ou pelo exuberante Contatos imediatos do terceiro grau, meu filme favorito dele. Contudo, ele ainda não havia trabalhado com o ator Harrison Ford, que chegou a ser rotulado pela indústria por um bom tempo como o "astro do século" e homem por trás de personagens célebres da história do cinema americano, como Han Solo e Deckard do também cult Blade Runner - o caçador de androides. A parceria tinha tudo para dar certo, tanto que deu e os fãs agradecem por isso até hoje. E seu pontapé inicial, Indiana Jones e os caçadores da arca perdida, está completando quatro décadas em 2021. 

Na produção, o arqueólogo e desbravador procura pela arca da aliança, que contém as pedras com os dez mandamentos. E foi, com certeza, uma saga hercúlea encontrar o tão cobiçado objeto, alvo do interesse também de nazistas que fizeram de tudo para atrapalhar Indy e sua sócia, Marion (Karen Allen). Como eu era bem pequeno nessa época, tinha menos de cinco anos, não tive a honra de assisti-lo numa sala de cinema. E confesso aqui: me ressinto disso até hoje. Se o hoje clássico já é notável nos formatos DVD e Blu-Ray, imagina então na tela grande. 

Três anos se passam e por conta do sucesso de bilheteria do longa original Spielberg e Ford retomam o projeto em 1984 com Indiana Jones e o templo da perdição, até hoje meu favorito de toda a franquia. Nele, Jones precisa encontrar as três pedras sagradas de uma tribo na Índia que foram roubadas por um inescrupuloso feiticeiro, também responsável pelo sequestro das crianças da mesma tribo e também por uma série de cultos malignos que envolvem sacrifício humano. Houve um período em que eu era tão fanático pelo filme, que era reexibido exaustivas vezes na Sessão da tarde, que cheguei a vê-lo mais de 20 vezes sem enjoar um segundo sequer! 

Resultado: mais um sucesso de público e após mais um hiato, desta vez de cinco anos, Spielberg e Ford realizam em 1989 - no que se esperava, um encerramento de uma trilogia - Indiana Jones e a última cruzada. Aqui, Jones acompanhado de seu pai (vivido pelo eterno James Bond, Sean Connery), procuram pelo lendário Santo Graal enquanto tentam escapar, mais uma vez, de nazistas também loucos para pôr a mão na relíquia. Esse foi o primeiro filme da franquia a que eu assisti, pois na época acabara de completar 13 anos e fui correndo ao cinema para conferir. Obs: havia uma fila gigantesca na entrada da sala de projeção, fãs notórios e eternos da franquia. 

E parecia que o legado proposto pela dupla havia chegado ao seu término. Pois é,.. Era realmente o que parecia. Mas não. Quase 20 anos depois eles reúnem, cabelos grisalhos, para realizar em 2008 o longa mais fraco da parceria, Indiana Jones e o reino da caveira de cristal, com direito a presença de um filho para Indiana Jones (interpretado pelo ator Shia Labeouf), fruto de seu relacionamento com a antiga sócia e amada Marion. Eles procuram pela estatueta que dá nome ao longa, enquanto cruzam de tempos em tempos com a maléfica Irina Spalko (Cate Blanchett) e seus lacaios soviéticos, sempre aptos a matar o professor e sua prole. 

E para os que acham que acabou... Nada disso, meus caros leitores! Vem aí um quinto longa para o herói, mas dessa vez sem Spielberg na cadeira de diretor, que cede o lugar para o também interessante James Mangold, responsável por filmes como Logan, Copland e Ford vs. Ferrari. Mas não se preocupem, pois o herói original repetirá seu personagem, para júbilo dos fãs. 

Ah! Acabei de me lembrar. E para que não me acusem de esquecimento, a franquia ainda teve entre os anos de 1992 e 1993 uma série televisiva derivada que durou duas temporadas e 28 episódios com o ator Sean Patrick Flanery na pele do arqueólogo e professor. Foi exibida aqui no país pela Rede Globo.  

O melhor legado que consigo extrair de Indiana Jones foi o fato dele ter transformado minha adolescência num lugar muito mais divertido. Indy caçou tesouros ao redor do mundo, fugiu de tiros, encarou duelos (alguns de forma um tanto inusitada), pilotou aviões, saiu na porrada meio que de 15 em 15 minutos, brigou com o pai, foi traído por mulheres que amou, correu, se arrastou, sujou as mãos, cruzou com Hitler, esmurrou alemães e russos por onde passou, ufa!, acho que é mais fácil dizer o que o herói não fez. Ou AINDA não fez. Porque pelo andar da carruagem ele ainda tem muito o que aprontar e como bem disse um artigo que eu li sobre a chegada do quinto filme da franquia: "os heróis não envelhecem".

Quanto a vocês, jovens cinéfilos, que não pertencem à geração que acompanhou as aventuras e desventuras de Jones na devida época e acham que heróis mesmo quem produz com exclusividade é a Marvel e a DC, fica aqui o meu convite: procurem. Tenho certeza que se derem uma chance ao velho professor (e ele não parece demonstrar o menor interesse pela aposentadoria) não irão se decepcionar. 

Agora é com vocês!


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