O Rock in Rio completou quatro décadas de existência e as pessoas perguntam, tomando como referência a música-tema do festival, "se o mundo começasse agora..." Honestamente: se o Rock in Rio começasse agora não teria esse nome e o futuro dele seria um mundo dominado por alienados, sem noção, viciados em idiotice e status.
Parece torpe e é, não há como fugir disso. Pior: o criador do festival nunca foi, de fato, fã de rock. Ele se apropriou de um gênero musical, tornou-o uma marca bem sucedida, ficou milionário e o resto... que se dane!
Foi linda a ideia, o sonho. Trazer as maiores atrações internacionais para o Brasil (algo inimaginável em 1985). E algumas vieram. Queen, Rod Stewart, Iron Maiden, AC/DC, James Taylor, George Benson, etc. E não foi só rock. Correção: nunca foi só rock, em nenhuma edição. E os roqueiros odeiam ouvir essa parte.
Faço parte da galera que, excetuando o Queen e o AC/DC, prefere mesmo a edição de 1991, no Maracanã, que teve Joe Cocker, Prince, Santana, George Michael e cia. Era mais a minha cara. E com um adendo infeliz: eu sempre quis ver Paul McCartney, Pearl Jam, Simply Red, a reunião do Led Zeppelin nesse palco (e nunca rolou, para minha revolta juvenil e também depois de adulto)
O tempo passou e esculhambou de vez com o evento. Rolou Sandy e Júnior, Britney Spears, Nsync, Justin Bieber, Carlinhos Brown, Rihanna e tantos outros fazedores de mímica, galãzinhos de meia tigela, reboladores de bunda vazios, artistas pop sem graça, mas a cara da juventude perdida do século XX. Em outras palavras: pra mim, já deu.
E depois de ouvir o Roberto Medina dizendo numa entrevista para um jornal que seu maior sonho era "trazer o Roberto Carlos para o festival" e, pior do que isso, apelar para o sertanejo e sua caricatura em forma de música, eu me distancei de vez de um projeto que hoje considero falido, ultrapassado, esgotado.
Mal e porcamente acompanho uma ou outra atração pontual, da qual seja muito fã - como aconteceu com Mariah Carey e Joss Stone na última edição - ou, então, por motivos nostálgicos, que remetam a uma época mais divertida do que a atual (foi o caso de Cyndi Lauper, Gloria Gaynor, Nile Rodgers, Living Colour; mas nem sempre funciona... com o Billy Idol, por exemplo, deu ruim).
Eu até poderia dedicar esse texto a boas lembranças, exaltar Freddy Mercury cantando "Love of my life", lembrar de INXS, da Lisa Stansfield e a era de ouro do rock brazuca (Blitz, Cazuza, Lulu Santos, etc), mas o festival se perdeu pelo meio do caminho, se vendeu a interesses monetários, mudou de rota no mau sentido da palavra. Uma pena!
O que esperar da próxima edição? Nada. Ou mais do mesmo. O que dá na mesma, pois as atrações repetidas (e vocês sabem de quem estou falando: Red Hot Chili Peppers, Maroon 5, Guns n' Roses, Post Malone, etc) são a tônica desse evento. Quem eu queria ver não dá as caras e quem vem - ou virá - em 90% dos casos não me interessa, não me cativa, não mexe com meus brios. É isso.
Que venha 2026 para agradar a mesma plateia - repito: alienada - de sempre. Ah! Lady Gaga virá em maio, em Copacabana. Ou seja: também não virá ao festival.
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