É triste ter que concordar com o diretor de cinema Martin Scorsese - pela, sei lá..., centésima vez - mas, de novo, ele disse tudo: "A indústria de cinema americana acabou". Pelo menos, em certos aspectos.
Não é de hoje que Scorsese virou inimigo da atual geração de espectadores. Já chamou a Marvel e a DC de "reles parques de diversões"; já disse que os serviços de streaming estão acabando com a longevidade na sétima arte, pois só se preocupam com a cultura do imediatismo; já gritou a sete ventos que o consumo de franquias veio para enterrar a carreira de muito gente; etc, etc, etc...
E acreditem: não é o único. Coppola, Terry Gilliam, David Lynch, vários grandes nomes do cinema já endossaram suas críticas, além de acrescentarem outras tantas.
Hollywood, infelizmente, foi pro ralo. Mais: destrói sua própria história pregressa sem o menor esforço, gastando energia com remakes e reboots inúteis, dá atenção em demasia a um público cada vez mais infantilizado, alienado e que acredita piamente que o cinema (como forma de arte) é apenas o que aí está.
Não há espaço para quem pensa fora da caixa, fora de um formato, quem não segue uma planilha de custos que possa ser paga num período mais breve possível. A palavra escapismo nunca se tornou tão vazia quanto agora.
E quem se arrisca é boicotado, morre no limbo, poucos conseguem uma real chance no circuito exibidor para mostrar suas ideias (exceções: se for um oscar bait da vida ainda arranja uma janela de distribuição para chamar de sua por um tempo, digamos, irrisório; quer dizer: se não for um projeto Netflix, que trilha um caminho próprio e não quer seguir o padrão).
A cada dia vou menos às salas de projeção e pior: não me sinto estimulado, pois vejo que as grandes redes não me querem mais como cliente. O interesse deles é por imbeciloides viciados em projetos fúteis que acreditam em sites como rotten tomatoes e metacritic como definidores de opinião e bom gosto no setor.
Até quando isso? Até que os imbecis envelheçam e acordem para a realidade. Mas... O que esses mesmos imbecis se tornarão quando mais velhos depois de ter uma formação cultural tão deficitária, tão idiotizada? Honestamente... Pode já ser tarde demais. Esperemos que não.
Até lá, os grandes continuam partindo (Friedkin se foi, Bogdanovich e Bertolucci também; Godard nem se fala; a turma da outrora nova hollywood está na casa dos 80...) e a geração atual só quer saber de efeitos especiais, IMAX, contratos de longo prazo para blockbusters meia-boca e artistas de plástico que viralizam na internet, mas não sabem ler um texto direito.
Meu Deus! Nós, os cinéfilos sobreviventes, estamos fodidos e (extremamente) mal pagos.
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