Engraçado! Antigamente, artistas faziam arte. E das boas. Quem foi à Woodstock e ao Monterey Pop sabe bem do que eu falo. O meio artístico já foi sinônimo de Beatles, Led Zeppelin, Rolling Stones, The Who, Jimi Hendrix tocando uma guitarra em chamas, Elton John levitando em cima de um piano, Nina Simone, Frank Sinatra... A lista é grande e não quero soar cansativo.
No Brasil tivemos gente como Gonzaguinha, Belchior, tropicália, bossa nova tocando no Carnegie Hall, vanguarda paulistana, Djavan, Gal Costa, o rock BR, eu comprando tudo o que podia do Legião Urbana e do Titãs... De novo, a lista é grande.
Então... O que aconteceu? Tornamos o sentimentalismo barato e a fama pela fama o mais importante. A arte virou secundária onde ela foi criada para ser protagonista.
Fiquei pensando nisso ao ver o papelão (não consigo encontrar outra palavra que defina melhor a cena) da entrevista da cantora Luísa Sonza no programa da Ana Maria Braga. Pior: ela tornou o conceito de privacidade uma coisa sem sentido.
Não quero saber quem foi Chico Moedas na vida íntima dela. Não quero saber da traição dele, muito menos da intimidade de Luísa. Mas é triste ver o que a cultura pop se tornou e o quanto o público médio aplaude o grande vazio que se tornou o chamado "show business" (sem as aspas a expressão perde completamente o sentido).
Demos status ao inútil produzido pela intimidade pública (é assim que gosto de chamar esse fenômeno). Deixamos de nos importar com as canções - nesse caso específico, por ser ela uma cantora, mas o problema logicamente descambou por outras formas de artes - para dar mais atenção a vida privada dos outros.
Nunca me esqueço de um projeto de jornalista chamando, tempos atrás, o enterro do Michael Jackson de acontecimento cultural. Desde quando colocamos preço e status até na morte? Não é à toa que a classe artística vai de mal a pior. Não consegue separar o fã do indivíduo que vive de perseguí-los 24 horas por dia, com direito a interferir em suas escolhas mais básicas. Depois vão à programas de tv, choram, desabafam, para depois voltar ao círculo vicioso da rotina criada pelos seus produtores, que não veem a hora de lucrar em cima do chororô, da crise, da depressão, da má fase, ou como quiserem chamar...
E pensar que antigamente era tão fácil ouvir boa música. É... Esses dias, infelizmente, acabaram. Os personagens e as histórias fabricadas para alienar o público são mais importantes do que ela.
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