domingo, 10 de setembro de 2023

E chamam isso de influência!


Fiquei pensando nesses últimos dias nesse escândalo envolvendo o site Rotten Tomatoes e essa história de críticos recebendo 50 dólares (acho que foi esse o valor) para escreverem textos elogiosos sobre os filmes catalogados no site e, por conseguinte, aumentar a pontuação dos mesmos na plataforma. 

Primeiramente: nunca dei muita trela para sites como o Rotten, Metacritic e tantos outros. Quando muito, fuço o IMDb de quando em vez para confirmar algumas informações técnicas. Não são eles que decidem minha relação com o cinema. Nem de longe! 

Contudo, é preciso também deixar claro aos que aqui me leem que esses sites são, infelizmente, em muitos aspectos, o futuro da relação cinéfilo/filme. Muitos espectadores veem nelas uma relevância gigantesca, ao ponto de pautarem suas vidas por esse tipo de opinião que é contraditória por excelência. 

Já faz tempo (e eu confesso que sinto cada vez mais saudades daquela época) que crítica cinematográfica deixou de ser sinônimo de Pauline Kael, Roger Ebert, André Bazin, Alex Viany, Ipojuca Pontes, entre tantas outras feras que eu lia e relia em tabloides e matérias jornalísticas. A realidade hoje, meus caros, é outra. Encontramo-nos cercados por fandoms vazias que acreditam piamente que a sétima arte começou a partir dessa era melancólica e sem noção dos blockbusters de heróis e franquias que se repetem à exaustão, embora esgotadas há um bom tempo. 

Assim como quem dita o mercado não são mais figuras icônicas como Bergman, Pasolini, Truffaut, John Ford, Billy Wilder, Fellini, Roberto Rossellini, Kurosawa, Jean Renoir... vou parar, pois a lista do melhor do cinema é muito maior do que nós, reles mortais, somos capazes de definir, quem escreve sobre o mercado também se voltou para outras questões. E em muitos sentidos, se alienou. Pior: chamam essa alienação de influência. 

O que vale agora - mais do que nunca - é o lucro, o retorno (de preferência, no prazo mais curto possível). Spinoffs, prequels e remakes são mais importantes do que histórias originais. E não bastasse tudo isso, ainda vem de mansinho, comendo pelas beiradas, a inteligência artificial, louca para devorar empregos e carreiras. O que sobra para o futuro? Se eu tivesse uma resposta válida, provavelmente estaria milionário e viraria mais um coach babaca como muitos desse mercado corporativo enfadonho. 

Quem se vende por merreca, continuará se vendendo, prostituindo sua opinião por centavos. Quem não liga para esse conteúdo, o vê como reles e tendencioso, agora terá mais um motivo para não dar a mínima para ele. E no final, o mundo continuará girando de maneira torta (como sempre girou) e a arte cinematográfica - que é o que realmente importa para mim - seguirá em frente, ao preço que for, atrás de novos caminhos. 

De preferência, que sejam mais agradáveis e responsáveis do que esse atual, que só levou a greves e a uma hollywood cada dia mais descaracterizada e fazendo de tudo para destruir a sua própria história. 


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