sábado, 30 de setembro de 2023

A guerra...em preto, branco e sangue


Li um escritor certa vez (para ser mais exato era um jornalista investigativo, embora não me recorde com precisão do nome do autor) que falava da enorme dificuldade de dimensionar uma guerra ou um conflito bélico de qualquer natureza. "Não se tem a noção exata de quando ela começa, de como termina, ou mesmo no que ela irá transformar o mundo. Só podemos, isso sim, esperar morte e caos". Estava coberto de razão. 

Contudo, entre aqueles que cobrem a guerra de perto, testemunham seu horror - refiro-me à fotojornalistas, cinematógrafos e outros profissionais da imagem - é preciso reconhecer seu talento e exatidão ao retratar tragédias desse porte. Evandro Teixeira, um de nossos maiores nomes da fotografia, é sem dúvida (e com folga) uma dessas pessoas extraordinárias. 

Essa semana fui conferir no Centro Cultural Banco do Brasil a exposição Evandro Teixeira, Chile, 1973. E saí de lá sem chão, plenamente derrotado, mas consciente de estar diante de um documento histórico da maior importância para o mundo. 

Em meio a salas repletas de quadros e totens acompanhamos (melhor dizendo: voltamos no tempo, cinco décadas) o terror daqueles dias que antecedem o período ainda mais tenebroso do governo Pinochet.

Nunca consegui entender quem chama de revolução algo que só serve para castrar o pensamento, o debate, o direito de ir e vir. Hipocrisia condiz melhor com o conceito! E a lente de Evandro capta com genialidade a dureza e o inconformismo daqueles dias. 

Cidadãos mutilados em seus direitos civis; presos políticos encarcerados no subsolo do Estádio Nacional, em Santiago; jovens presos simplesmente por quererem questionar, divergir, não se bastando a serem marionetes de um sistema torto; tanques nas ruas intimidando a população... E tudo, segundo a visão dos opressores, "em nome da moral e dos bons costumes". 

São 190 imagens imprescindíveis que englobam, inclusive, algumas cenas marcantes da nossa própria ditadura, como a dos protestos ocorridos por aqui (o mais famoso deles, a marcha dos 100 mil) e a repressão policial na Candelária durante a Missa de 7º dia do estudante Edson Luís.

Na última sala da mostra um adendo de luxo: a cobertura da morte do poeta chileno (e Nobel de Literatura) Pablo Neruda, com cenas que vão desde o corpo na Clínica Santa Maria, sendo velado pela viúva, Matilde Urruti, até o cortejo levando o caixão para "La Chascona", no Cemitério Geral de Santiago, rodeado por populares e manifestantes. 

Recomendo não somente aos estudantes de história como ao público em geral uma passada no CCBB. A expo fica em cartaz até 13 de novembro. Trata-se da guerra em seu estado mais puro, muito além de disparos, explosões e execuções sumárias. A guerra em preto, branco e muito sangue. E mesmo quando ele não está ali, explícito, é possível sentir seu cheiro, ver o quanto de dor ele provocou.


segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Hollywood realmente foi pro ralo


É triste ter que concordar com o diretor de cinema Martin Scorsese - pela, sei lá..., centésima vez - mas, de novo, ele disse tudo: "A indústria de cinema americana acabou". Pelo menos, em certos aspectos.

Não é de hoje que Scorsese virou inimigo da atual geração de espectadores. Já chamou a Marvel e a DC de "reles parques de diversões"; já disse que os serviços de streaming estão acabando com a longevidade na sétima arte, pois só se preocupam com a cultura do imediatismo; já gritou a sete ventos que o consumo de franquias veio para enterrar a carreira de muito gente; etc, etc, etc...

E acreditem: não é o único. Coppola, Terry Gilliam, David Lynch, vários grandes nomes do cinema já endossaram suas críticas, além de acrescentarem outras tantas.

Hollywood, infelizmente, foi pro ralo. Mais: destrói sua própria história pregressa sem o menor esforço, gastando energia com remakes e reboots inúteis, dá atenção em demasia a um público cada vez mais infantilizado, alienado e que acredita piamente que o cinema (como forma de arte) é apenas o que aí está.

Não há espaço para quem pensa fora da caixa, fora de um formato, quem não segue uma planilha de custos que possa ser paga num período mais breve possível. A palavra escapismo nunca se tornou tão vazia quanto agora. 

E quem se arrisca é boicotado, morre no limbo, poucos conseguem uma real chance no circuito exibidor para mostrar suas ideias (exceções: se for um oscar bait da vida ainda arranja uma janela de distribuição para chamar de sua por um tempo, digamos, irrisório; quer dizer: se não for um projeto Netflix, que trilha um caminho próprio e não quer seguir o padrão).

A cada dia vou menos às salas de projeção e pior: não me sinto estimulado, pois vejo que as grandes redes não me querem mais como cliente. O interesse deles é por imbeciloides viciados em projetos fúteis que acreditam em sites como rotten tomatoes e metacritic como definidores de opinião e bom gosto no setor.   

Até quando isso? Até que os imbecis envelheçam e acordem para a realidade. Mas... O que esses mesmos imbecis se tornarão quando mais velhos depois de ter uma formação cultural tão deficitária, tão idiotizada? Honestamente... Pode já ser tarde demais. Esperemos que não. 

Até lá, os grandes continuam partindo (Friedkin se foi, Bogdanovich e Bertolucci também; Godard nem se fala; a turma da outrora nova hollywood está na casa dos 80...) e a geração atual só quer saber de efeitos especiais, IMAX, contratos de longo prazo para blockbusters meia-boca e artistas de plástico que viralizam na internet, mas não sabem ler um texto direito.

Meu Deus! Nós, os cinéfilos sobreviventes, estamos fodidos e (extremamente) mal pagos.  


quarta-feira, 20 de setembro de 2023

A arte perdeu o seu lugar, a sua razão de ser


Engraçado! Antigamente, artistas faziam arte. E das boas. Quem foi à Woodstock e ao Monterey Pop sabe bem do que eu falo. O meio artístico já foi sinônimo de Beatles, Led Zeppelin, Rolling Stones, The Who, Jimi Hendrix tocando uma guitarra em chamas, Elton John levitando em cima de um piano, Nina Simone, Frank Sinatra... A lista é grande e não quero soar cansativo. 

No Brasil tivemos gente como Gonzaguinha, Belchior, tropicália, bossa nova tocando no Carnegie Hall, vanguarda paulistana, Djavan, Gal Costa, o rock BR, eu comprando tudo o que podia do Legião Urbana e do Titãs... De novo, a lista é grande. 

Então... O que aconteceu? Tornamos o sentimentalismo barato e a fama pela fama o mais importante. A arte virou secundária onde ela foi criada para ser protagonista. 

Fiquei pensando nisso ao ver o papelão (não consigo encontrar outra palavra que defina melhor a cena) da entrevista da cantora Luísa Sonza no programa da Ana Maria Braga. Pior: ela tornou o conceito de privacidade uma coisa sem sentido. 

Não quero saber quem foi Chico Moedas na vida íntima dela. Não quero saber da traição dele, muito menos da intimidade de Luísa. Mas é triste ver o que a cultura pop se tornou e o quanto o público médio aplaude o grande vazio que se tornou o chamado "show business" (sem as aspas a expressão perde completamente o sentido). 

Demos status ao inútil produzido pela intimidade pública (é assim que gosto de chamar esse fenômeno). Deixamos de nos importar com as canções - nesse caso específico, por ser ela uma cantora, mas o problema logicamente descambou por outras formas de artes - para dar mais atenção a vida privada dos outros.

Nunca me esqueço de um projeto de jornalista chamando, tempos atrás, o enterro do Michael Jackson de acontecimento cultural. Desde quando colocamos preço e status até na morte? Não é à toa que a classe artística vai de mal a pior. Não consegue separar o fã do indivíduo que vive de perseguí-los 24 horas por dia, com direito a interferir em suas escolhas mais básicas. Depois vão à programas de tv, choram, desabafam, para depois voltar ao círculo vicioso da rotina criada pelos seus produtores, que não veem a hora de lucrar em cima do chororô, da crise, da depressão, da má fase, ou como quiserem chamar...

E pensar que antigamente era tão fácil ouvir boa música. É... Esses dias, infelizmente, acabaram. Os personagens e as histórias fabricadas para alienar o público são mais importantes do que ela.


quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Um tapa na cara da própria MPB


Uma certeza quando escrevo sobre música (e nesse caso, música foda!) sempre me acompanha: a indústria fonográfica é uma incógnita. Quando começamos a entender o papel dela, ela muda tudo e nos surpreende de novo, nos joga de quatro no chão. E só nos resta rever nossas expectativas, também de novo. 

A primeira, a segunda, a terceira, todas as vezes que ouvi o disco tema desse post, fiquei com aquela sensação de "porra! isso aqui é a MPB!". E com o passar das décadas uma outra se agregou a esta. A de que a MPB virou uma reles caricatura perto do que ela já representou no auge. 

50 anos se passaram e o álbum do Secos e Molhados permanece não somente relevante como único dentro da nossa história musical. E até hoje eu não consigo entender os haters desse trabalho magnífico em todos os sentidos. Provavelmente preferem perder tempo com ruídos, caras e bocas.

Os falsetes de Ney Matogrosso, o baixo indecente de tão espetacular, a mistura de ritmos, um clima meio de egotrip, viagem de LSD, o deboche ao regime político vigente na época, as canções precisas se enfileirando (com todas as metáforas e ironias possíveis e imagináveis)... Uau! 

No quesito tracklist fica até difícil manter a coerência e não ser, no mínimo, fanático porque... as faixas são um tapa na cara do ouvinte e da própria música brasileira. De "Rosa de Hiroshima", poema de Vinícius de Moares, à quase cantiga de roda "Rondó do capitão"; do reacionarismo puro de "O patrão nosso de cada dia" e "Assim assado" à exuberância dos eternos clássicos "Sangue latino", "O vira" e "Fala". 

A banda grita mesmo quando escande a palavra de forma macia, às vezes num tom que remete ao infantil. E tudo isso realizado em pleno período árido da ditadura, tempos de A.I: 5 e muita mordaça, seja cultural, seja do ponto de vista social.   

Saber que eles não estão mais juntos, produzindo, dá uma enorme tristeza, mas... Faz parte! Artistas não são ciências exatas e o tempo que eles tinham para fazer história era esse mesmo, pré-determinado. A banda se foi, mas o legado se encontra aí, vivo, cada dia mais lúcido, nítido, e conquistando novas gerações. 

Meio folk, meio progressivo, meio rock na veia, mas principalmente: todo brasileiro. Fosse produzido no mercado internacional entraria com folga num hall da fama made in USA. Infelizmente, o vira-latismo nosso de todo dia às vezes atrapalha a percepção de alguns. Uma pena! 

Mas chega de falar. Ouçam! Ouçam agora! Parem tudo e ouçam essa obra-prima! São 5 décadas de revolução sonora. Não é pra qualquer um, não! 


domingo, 10 de setembro de 2023

E chamam isso de influência!


Fiquei pensando nesses últimos dias nesse escândalo envolvendo o site Rotten Tomatoes e essa história de críticos recebendo 50 dólares (acho que foi esse o valor) para escreverem textos elogiosos sobre os filmes catalogados no site e, por conseguinte, aumentar a pontuação dos mesmos na plataforma. 

Primeiramente: nunca dei muita trela para sites como o Rotten, Metacritic e tantos outros. Quando muito, fuço o IMDb de quando em vez para confirmar algumas informações técnicas. Não são eles que decidem minha relação com o cinema. Nem de longe! 

Contudo, é preciso também deixar claro aos que aqui me leem que esses sites são, infelizmente, em muitos aspectos, o futuro da relação cinéfilo/filme. Muitos espectadores veem nelas uma relevância gigantesca, ao ponto de pautarem suas vidas por esse tipo de opinião que é contraditória por excelência. 

Já faz tempo (e eu confesso que sinto cada vez mais saudades daquela época) que crítica cinematográfica deixou de ser sinônimo de Pauline Kael, Roger Ebert, André Bazin, Alex Viany, Ipojuca Pontes, entre tantas outras feras que eu lia e relia em tabloides e matérias jornalísticas. A realidade hoje, meus caros, é outra. Encontramo-nos cercados por fandoms vazias que acreditam piamente que a sétima arte começou a partir dessa era melancólica e sem noção dos blockbusters de heróis e franquias que se repetem à exaustão, embora esgotadas há um bom tempo. 

Assim como quem dita o mercado não são mais figuras icônicas como Bergman, Pasolini, Truffaut, John Ford, Billy Wilder, Fellini, Roberto Rossellini, Kurosawa, Jean Renoir... vou parar, pois a lista do melhor do cinema é muito maior do que nós, reles mortais, somos capazes de definir, quem escreve sobre o mercado também se voltou para outras questões. E em muitos sentidos, se alienou. Pior: chamam essa alienação de influência. 

O que vale agora - mais do que nunca - é o lucro, o retorno (de preferência, no prazo mais curto possível). Spinoffs, prequels e remakes são mais importantes do que histórias originais. E não bastasse tudo isso, ainda vem de mansinho, comendo pelas beiradas, a inteligência artificial, louca para devorar empregos e carreiras. O que sobra para o futuro? Se eu tivesse uma resposta válida, provavelmente estaria milionário e viraria mais um coach babaca como muitos desse mercado corporativo enfadonho. 

Quem se vende por merreca, continuará se vendendo, prostituindo sua opinião por centavos. Quem não liga para esse conteúdo, o vê como reles e tendencioso, agora terá mais um motivo para não dar a mínima para ele. E no final, o mundo continuará girando de maneira torta (como sempre girou) e a arte cinematográfica - que é o que realmente importa para mim - seguirá em frente, ao preço que for, atrás de novos caminhos. 

De preferência, que sejam mais agradáveis e responsáveis do que esse atual, que só levou a greves e a uma hollywood cada dia mais descaracterizada e fazendo de tudo para destruir a sua própria história. 


quarta-feira, 6 de setembro de 2023

No apogeu do cinema brucutu


Li a matéria e ainda estou sem acreditar... 35 anos de Duro de matar, de John McTiernan? É isso mesmo? Três décadas e meia se passaram e eu ainda vejo o detetive John McClane (Bruce Willis) metendo bala nos terroristas que invadiram o Nakatomi Plaza, liderados por Hans Gruber (o sempre ótimo - e menos badalado do que deveria - Alan Rickman).

Numa época em que o cinema brucutu hollywoodiano fazia a alegria dos cinéfilos e sócios das videolocadoras com produções como Rocky, Rambo, O exterminador do futuro, Falcão - o campeão dos campeões, Braddock, O grande dragão branco, etc... Eu sempre tive uma admiração profunda pelo policial insano e debochado encarnado por Willis. 

Na verdade, eu já era fã dele por conta da série de tv A gata e o rato, no qual dividia a tela com a belíssima Cybil Sheppard (do cult scorseseano Taxi Driver). Porém, foi aqui seu apogeu. Teve quatro continuações, o que levou - obviamente - a um desgaste da franquia, mas mantendo seu charme e curiosidade para as gerações seguintes. 

Uma pena ver o momento pessoal que Willis está vivendo nos últimos anos. Logo ele, que tantos quiseram matar na tela e não conseguiram, acabou vencido por um inimigo praticamente invisível, mas não menos letal. 

Por mais que saibamos que Duro de Matar (e todo cinema de ação produzido naquela década em hollywood) fosse uma grande propaganda do american way of life bem como uma crítica ao período da guerra fria contra os russos, ainda assim era de tirar o fôlego presenciar toda aquela adrenalina e violência desmedida. 

McClane correu sobre o vidro, meteu bala numa viatura policial para conseguir ajuda contra os bandidos, explodiu C4 na cara dos bad guys, se espremeu pelos dutos de ventilação e isso tudo em pleno natal e vivendo uma crise conjugal com a mulher... Detalhe: apenas no primeiro longa da série. Sim, você precisará ver os outros quatro para entender toda a loucura e arrojo do personagem!

E passado tanto tempo parece, a meu ver, que os action movies perderam parte da magia peculiar daquele período. Deram lugar a heróis de plástico e uma eterna batalha contra o fim do mundo que nunca chega (nem vai chegar, pois não passa de um lobby barato e só!). E com o sumiço da mídia física ficou mais complicado rever essa pérola sempre que quisermos. 

Quem tem seu DVD e Blu-Ray que o guarde com carinho. Isso aqui, no quesito nostalgia, vale ouro. 


segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Agora sim... um show!


Enfim a música como protagonista num festival, sem estrelismos babacas, delírios coletivos e exibicionismos desnecessários...

Ao fim do show de Bruno Mars no segundo dia do festival The Town, no autódromo de Interlagos em São Paulo, mantive minha esperança de que ainda é possível acreditar no mercado fonográfico. A questão mesmo é saber se os artistas ainda estão interessados nisso ou se a fama fútil, à base de redes sociais vazias e poses esdrúxulas, é mais importante.

Bruno cantou, dançou (muito bem acompanhado - é bom que se diga! - por uma banda afinadíssima), requebrou, flertou com o público, arranhou um português básico e fez todo mundo voltar pra casa com um sorriso de satisfação de nuca a nuca.

E a melhor parte: sem playbacks, autotune e metidice. Como disse na abertura desse post: colocando a música como protagonista. 

Seus hits - "24K Magic", "Runaway jury", "Uptown funk", etc etc etc - estiveram presentes, no estilo, nas coreografias e nas vozes de quem acompanhou (alguns entre uma lágrima e outra). Teve o momento intimista, ele no teclado tocando canções do início da carreira e que escreveu para outros artistas, como Ceelo Green, por exemplo. E o tecladista, maroto que só, ainda mandou pra galera um "Evidências", clássico da dupla Chitãozinho e Xororó, para entusiasmo e imediato acompanhamento do público.

Esqueçam bandinhas K-pop, esqueçam Luísa Sonza posando de star, esqueçam as eternas bobagens que esses festivais costumam trazer de tempos em tempos e, por isso, a cada ano eu os assisto com cada vez menos frequência... Bruno Mars mostrou sozinho o que as pessoas esperam de um evento como esse. 

E olha que eu assisti de casa, pelo Multishow. Imagina quem estava lá!

Como não dá pra ser perfeito em todos os aspectos, sim, teve (de novo e de novo) aquela galera que vai pra filmar o show, que não vive a experiência. Mas esses, vocês sabem, são um caso perdido. E espero que um dia acordem para a realidade. Mas nada que afete o grande meteoro que foi esse artista que, até então, eu pensava: "deve ser só fogo de palha, como grande parte dessa geração atual". Estava enganado. 

Graças a Deus!