Não se sabe ao certo até hoje - na verdade, a origem de movimentos e vanguardas é sempre uma questão complicada, que envolve várias interpretações - se foi a dupla Keith “Cowboy” Wiggins e Grandmaster Flash que provocaram um amigo que acabara de ingressar no exército norte-americano ou se foram os irmãos DJ Kool Herc e Cindy Campbell num evento no bronx, que deram o pontapé inicial a esse legado. Mas uma coisa é certa: nenhum dos quatro realmente imaginava que aqueles pequenos gestos refletiriam de forma tamanha e criaram toda essa estrutura gigantesca dos dias de hoje.
Enfim... Lá se foram 50 anos em que o hip-hop deu as caras nos EUA, a princípio como representação das comunidades jamaicanas, latinas e afro-americanas desse país que sempre vende sua pureza ao mundo, mas esquece de suas misturas e mestiçagem.
Da marginalização (o começo foi bastante difícil, com represálias dos mais distintos setores do país) ao, então, sinal de desrespeito e, finalmente, se desdobrando em ritmos como o Trap, o Lo-fi e até mesmo o funk, aqui no Brasil. O hip-hop é um grande caldeirão de referências, estilos, moda e temáticas as mais diversas. E esse sempre foi o forte dessa cultura: poder mesclar intenções, posturas, sonoridades, etc.
Já aqui no país o berço do gênero aconteceu em São Paulo, onde surgiu nos anos 1980 através dos encontros na rua 24 de maio e no Metrô São Bento. Nascia ali a origem do que convencionamos chamar com o tempo de pancadão. E ele ainda corre solto, mais vivo do que nunca.
São muitos os pilares do movimento: os DJs com suas bases, colagens rítmicas, Beat-Juggling e o famigerado breakbeat; o rap, cheio de rimas, improvisos e muito ritmo; o beatbox (ou seja: a percussão vocal, a arte de produzir seus próprios sons e fazer disso um estilo); os MCs - ou mestres de cerimônia -, os porta-vozes do hip-hop, responsáveis tanto por animar a festa quanto reportar os dilemas e experiências do gueto americano; o break dance, que surge como consequência da onda de música negra que toma os EUA de assalto nos anos 1960 (principalmente com a soul music); e finalmente o grafite, em forma de pinturas, desenhos, caricaturas ou mesmo mensagens sobre absolutamente qualquer assunto, feitos à base de spray, rolo ou pincel em muros e paredes.
E entre o sem número de ícones do hip hop ao longo de cinco décadas (e eu poderia citar uns dez paraágrafos iguais a esse) você, certamente, sempre irá ouvir falar de artistas como Future, Nas, Jay-Z, The Notorious B.I.G., Nate Dogg, Warren G., Outkast, Jim Jones, Nicki Minaj, Foxy Brown, Dr. Dre, Kendrik Lamar, Mobb Deep, Lil’ Kim, 2Pac, Snoop Dogg, Kanye West, Lil Wayne, J. Cole... e, claro, muito mais. A lista é estratosfericamente gigante!
E, assim como o movimento punk, que também nasce da ousadia de quem não se via representado na mídia, não restam dúvidas de que, pela coragem de seus idealizadores e de quem se mantém vivo, matando um leão por dia, sempre nas trincheiras, não demora muito e estarei aqui (assim espero!) comentando o centenário deles.
Duvida? Melhor não, hein! Olha tudo o que eles (e elas) já construíram e o quanto o mercado fonográfico e cultural ainda está aberto para eles. Vejo vocês em 2073 (já um oitentão de respeito e ainda querendo escrever sobre cultura pop, se Deus permitir...ha! ha! ha!).
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