O tempo continua voando. E me assustando.
Os jornais e tabloides me informam que o pintor espanhol Pablo Picasso completou este ano 50 anos de sua morte e imediatamente eu me lembro de Guernica (1937), sua tela mais famosa, sobre a guerra civil. Tenho tara por esse trabalho desde moleque. Para mim, um dos maiores da história das artes plásticas.
Picasso é amado e odiado com a mesma intensidade até hoje. As feministas não perdem a chance de atacá-lo, sempre que podem. E o pintor contribuiu - e muito! - para isso. Pela maneira como tratou as mulheres com quem manteve relacionamento ao longo da vida. Ele praticamente as devorou.
Elas, as feministas, o vêem como retrato máximo da misoginia dentro da cultura pop. É o problema dos gênios: passam dos limites, se acham deuses em todos os aspectos de sua vida. Acham que podem fazer e acontecer, menosprezar e usar os demais. Acabam atraindo para seu legado artístico e pessoal a pecha de, entre outras coisas, monstros ideológicos.
Em 1996 o diretor de cinema James Ivory realizou Os amores de Picasso e chamou Anthony Hopkins para interpretar o pintor mais controverso da história. Quem conseguir encontrá-lo em algum streaming, assista-o. Trata da única mulher que decidiu enfrentá-lo, que não se submeteu a seu poder e intransigência. É interessante a proposta.
Lembro de ler um pequeno volume biográfico sobre ele, da editora LPM. Sua vida era tão performática e polêmica quanto sua arte. Picasso não era apenas um pintor cubista. Não. Era um ser humano cubista, fragmentado, complexo, difícil de entender, de explicar. E às vezes acredito que sua morte o libertou. Encerraram-se as perguntas e dúvidas por parte dos fãs e detratores. Restaram, ao fim, as dúvidas e o eterno mistério.
E ele, com certeza, funciona melhor como mistério. Como homem apenas ele simplesmente não bastou. Como, aliás, costuma acontecer com os grandes em qualquer segmento da história.
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