Se teve uma coisa que a pandemia do coronavírus trouxe em termos cinematográficos foi a popularização de longas-metragens surreais, desses capazes de explodir a cabeça de qualquer espectador. Que o digam Army of the dead: Invasão em Las Vegas, de Zack Snyder e Godzilla vs. Kong, de Adam Wingard, e suas respectivas ausências de um bom roteiro e o excesso de efeitos especiais e cenas de ação que beiram às vezes o nonsense!
Entretanto, o ano - que ainda está longe de acabar - e hollywood aprontaram mais uma e entregaram de lambuja para o público fanático por super-heróis e filmes da DC o alucinado O Esquadrão Suicida. Resultado: agora você poderá dizer para as próximas gerações que 2021, no que se refere à sétima arte, foi um ano realmente louco.
Amanda Waller (Viola Davis, ainda uma das melhores coisas do filme) novamente recruta o grupo de bandidos e desajustados mais perigoso do planeta para mais uma daquelas missões que você sabe de antemão que serão quase impossíveis. E eles, os bandidões, que almejam uma redução significativa em suas penas, lógico que aceitarão.
Desta vez o destino é o Corto Maltês que vive uma espécie de golpe de estado e possui as instalações de um certo projeto estrela do mar (é insano, eu sei...). São mandadas duas equipes, uma delas apenas para distrair a vigilância do país. Como já era de se esperar, muita morte, explosão, sangue jorrando e os poucos que sobrevivem verão suas vidas cruzarem com a outra turma, aquela que saltou em outro ponto do país. E a consequência disso é... Sim, isso mesmo que o seu cérebro está matutando.
Parece confuso e é. Na verdade, desde a versão original dirigida por David Ayer cinco anos antes, essa era uma das grandes "qualidades" do filme, que se prometia nonsense desde o trailer. O resultado não agradou aos mais fanáticos que viram na presença do diretor James Gunn, da franquia Guardiões da Galáxia, da Marvel, assumindo o projeto uma chance de verem seus sonhos enfim realizados. Mas cá entre nós... Não mudou tanto quanto eu estava esperando, não!
Arlequina (Margot Robbie) continua sendo a coisa mais engraçada do filme. No lugar do Pistoleiro, vivido por Will Smith na versão original, entra o Sanguinário (Idris Elba) e eu até confesso que achei um avanço. Rick Flagg (Joel Kinnaman) desta vez não lidera o grupo como antes, mas exibe sua macheza quando pode. Entre as novidades do elenco a que mais se destaca é o Pacificador (John Cena) com direito à zoação para o capacete dele. E olha que ainda tem uma doninha - não, é isso mesmo que você leu! -, uma jovem que controla ratos, um louco que atira bolinhas e uma tubarão meio lesado com a voz do Sylvester Stallone.
E o principal: todos eles kamikazes, dispostos a ir até às últimas consequências para realizar a missão combinada enquanto tiram sarro um da cara do outro. Como eu disse antes, o filme mais surreal do ano.
Para os que ficam procurando correlações entre o projeto e outros filmes, há um clima (eu disse um clima) meio tarantinesco na maneira como os mortos vão se acumulando a cada rajada de balas proferida e uma leve homenagem - e eu disse leve - à Os doze condenados, de Robert Aldrich. Ah! E a trilha sonora, que é ótima, ajuda a compor o clima de exótico que o filme entrega sem medo de ser feliz. Afinal de contas, minha gente, é tudo baseado em histórias em quadrinhos.
Vi algumas pessoas reclamando na internet sobre a ausência de nudez e cenas de sexo (e olha que o filme tem classificação indicativa 18 anos). Mas é a velha hipocrisia norte-americana falando: matar, estraçalhar, estrangular pode. Peitos e bundas, nada feito! Ainda mais em tempos de MeToo. Faltou falar alguma coisa? Ah! Tem a brasileira Alice Braga também no elenco fazendo uma ponta como uma guerrilheira. Pois é...
Se eu contar mais vai ter spoiler e gente me jurando de morte. Logo, melhor parar por aqui. E apreciar essa paranoia toda enquanto a DC decide o que fará a seguir com o diretor.
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