Eu e as minhas viagens interiores que só a música é capaz de proporcionar...
Podem me chamar de louco quem quiser, mas eu sempre imaginei a banda Pink Floyd como uma grande experiência sensorial. Dizer que eles são só rock é não entender (a meu ver, pelo menos) o que é realmente a banda.
Detalhe: toda vez que eu reassisto filmes de ficção-científica antigos, como Laranja mecânica, THX 1138, Fahrenheit 451, Blade Runner: o caçador de androides, dentre outros, eu fico pensando que eles seriam o grupo ideal para realizar a trilha sonora da película. Ouvir Pink Floyd, para mim, é como ouvir um grande cântico, com viés reflexivo.
Pois bem: em tempos de quarentena (e esse vem virando um mantra que acompanha meus últimos tempos), me deparo com a presença do show Pulse - de 1995 - dando sopa 0800 no youtube e decido, é claro!, me sentar para apreciar a apresentação.
E que apresentação!
Pulse é a despedida do Pink Floyd dos palcos e está chegando à sua bodas de prata, sem envelhecer um ano sequer. Trata-se de uma das experiências sonoras mais inebriantes que eu (re)assisti nos últimos anos.
E isso graças a uma conjunção de fatores: para começar, a guitarra mágica e sempre bem-vinda de David Gilmour, afiadíssimo em todos os sentidos. O trio de backing vocals, Sam Brown, Claudia Fontaine e Durga McBroom, me deixou imaginando o que eu poderia esperar de um álbum solo das três, caso este álbum um dia existisse. Que vozes! Como complemento de luxo aos solos de Gilmour os teclados não menos magistrais de Jon Carin. O resultado dessa tríade, mais baixista, saxofonista, etc? Uma viagem pelo mundo mágico de uma das bandas mais originais que já passaram pelo mercado fonográfico até hoje.
E olha que quase me esqueço de falar da puxada de orelha que os caras deram na classe política com "brain damage" - sim, os caras alfinetam o errado também quando querem e do final apoteótico, deixando o público enlouquecido, com a dobradinha "wish you were here" e "confortably numb"!
Eu lembro de, décadas atrás, me deparar com esse álbum moscando num saldão das Lojas Americanas no centro da cidade e esnobá-lo, acreditando: "se ninguém quer isso, não deve ser grande coisa!". Queimei a língua. Também eu tinha meus 19 anos... E como todo adolescente que se preze, minha formação (ainda deficitária) incluía péssimos julgamentos e escolhas.
Valeu a pena dar uma segunda chance ao show cinco anos depois e agora, de novo.
Vivendo num mundo tão carente de boas ideias como esse contemporâneo, qualquer experiência válida merece ser vista, revista e comentada. Pois bem: vi, revi e agora comentei. Agora é com vocês. Dêem uma chance! E se você já conhece, está esperando o quê para ver de novo?
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