É triste divulgar o falecimento do escritor e cronista gaúcho Luis Fernando Veríssimo, aos 88 anos. Tão triste quanto seria informar o "fim da literatura", de um dia para o outro. Mas, infelizmente, chegou o dia.
Veríssimo - assim como o pai dele, Érico, autor do clássico O tempo e o vento - me ensinou a ser leitor por vocação. Ambos tinham uma característica que me agrada em qualquer ficcionista ou homem de letras: falavam sobre qualquer assunto, sem rodeios. Política, sexo, morte, diferenças culturais... Não conheço um tema sobre o qual não soubessem discorrer (e bem).
E no caso do filho, assunto deste post homenagem, ele me apresentou a um universo de possibilidades engrandecedoras. Através de Luis conhecemos figuras como o detetive Ed Mort e o Analista de Bagé, duas de suas maiores criações. Ele também, como disse no primeiro parágrafo, era o homem da crônica. E ler seus textos nesse formato era quase uma obrigatoriedade, principalmente na época de ensino médio e faculdade.
Era maravilhoso encarar página a página sua inteligência afiada e seu sarcasmo mordaz. Ele se disse, em um de seus textos mais famosos, o "engenheiro da palavra", e estava coberto de razão: fazia o simples parecer sofisticado quando narrava. Adorava citar suas musas (Patrícia Pillar, Patrícia Poeta, etc) em suas reflexões. E não conheço uma pessoa sequer que o tenha lido e dito: "ele não era essa coisa toda, não!". Pelo contrário... Ele arrebanhou sozinho uma legião de fãs.
Gosto de enxergar Luis Fernando Verissimo - assim como Machado de Assis, Jorge Amado e Paulo Coelho - como um autor best-seller. Na verdade, acredito que ele foi o último grande best-seller da literatura brasileira. Parece parte de uma realidade que, infelizmente, não existe mais, em tempos de escritores que só falam da própria vaidade, da própria fama, da própria "mundanice". Uma pena!
Ele vai fazer MUITA falta no mercado editorial brasileiro. Ô se vai! Fica com Deus, mestre!

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