Eu já disse isso algumas vezes nesse blog, mas na boa... Vou continuar repetindo: existem filmes e filmes. Produções que visam o lucro, o enriquecimento de seus estúdios, elencos, produtores. E outros que bugam a mente de seus espectadores, os fazem cantar, dançar, viajar, delirar, questionar, rever e reformular suas opiniões. A esses, do segundo grupo, costumo chamar de "a verdadeira sétima arte".
E um deles, em 2025, Rocky Horror Picture Show, musical dirigido por Jim Sharman, acaba de completar 50 anos de diversão e glória. Longa a vida a ele!
O casal Janet Weiss (Susan Sarandon) e Brad Majors (Barry Bostick) fica preso no meio da estrada - mais especificamente: numa área completamente isolada - após o pneu do carro furar e precisam pedir ajuda numa residência ali perto. O que eles não sabiam é que, após conhecer o dono do imóvel, o Dr. Frank-N-Furter (Tim Curry, extraordinário!) eles embarcarão numa das experiências mais insólitas (e extraordinárias) de toda a sua vida.
Rocky Horror Picture Show é um fenômeno dos chamados Midnight Movies (filmes que, a priori, eram descartados pelos estúdios em sessões testes fracassadas e vendidos para emissoras de tv num acordo que envolvia serem exibidos após a meia-noite. Entretanto, donos de cinemas poeira - concorrentes minúsculos das grandes redes - lançavam esses longas em circuito com uma campanha de marketing que fazia o público comprar a ideia logo de cara e se tornar habitué do formato).
No caso da produção de Sharman, os espectadores iam caracterizados como os personagens do filme, o que fez com que surgisse uma cultura que, anos depois, passamos a chamar de cosplays. O longa chegou a ficar em cartaz num mesmo cinema por mais de um ano ininterrupto, para alucinação total dos admiradores.
Porém, é preciso destacar um detalhe importante: esqueçam absolutamente tudo o que vocês já viram previamente no gênero musical. De Cantando na chuva à Cabaret, de Amor, sublime amor à Sinfonia em Paris... Rocky Horror não se encaixa em nenhum tipo de formato ou padrão prévio. E ele ousa em suas intenções do primeiro ao último fotograma, deixando o público com um gostinho de quero mais e se perguntando: "em meio a tantas porcarias que já tiveram sequências em hollywood, por que o filme de Sharman nunca teve uma parte II?
Enfim... Hollywood também sabe ser injusta com os fãs quando quer. E ver essa obra-prima da perversão ser ainda cultuada tantos anos depois, mesmo em tempos de Donald Trump e seus asseclas moralistas e ultrapassados, é com certeza uma revanche merecida contra quem não acreditava que o filme pudesse chegar tão longe.
Agora chega de falar, porque eu quero que vocês assistam essa joia rara. O quanto antes.

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