Quando Willy Wonka (versão do Tim Burton/Johnny Depp) permitiu, através de um concurso, que cinco crianças adentrassem sua fábrica de chocolates, ao contrário do filme original com Gene Wilder, teve quem o chamasse de pervertido, imoral. O que dizer então desse mundo "mágico" criado nos últimos anos pelos influenciadores digitais?
Após assistir o vídeo produzido pelo Felca sobre a adultização de crianças na internet e todo o burburinho que o tema vem gerando nos últimos dias, fiquei com uma pulga ainda maior atrás da orelha quando o assunto são os influenciadores. Primeiro de tudo (e essa pergunta nunca me saiu da cabeça desde que ouvi falar sobre eles pela primeira vez): a quem influenciam essas criaturas? E pergunto isso seriamente.
Num mundo onde praticamente qualquer um, sem o menor talento para nada, pode ser tornar uma pessoa pública, uma celebridade, um famoso, tem quem chame até de "artista" (e olha que tem ex-dançarina, atual atriz pornô, se vendendo dessa forma nas mídias sociais!), o que esperar de quem diz influenciar a sociedade no que quer que seja?
Os influencers são, em sua grande maioria, pessoas detestáveis. Bando de oportunistas que viram na falácia, na construção de falsos discursos e imagens, uma ponte para realizar seus sonhos de grandeza. Apoiam e associam sua imagem à anunciantes tenebrosos (como as execráveis bets, por exemplo) e, principalmente, à uma cultura em que "levar vantagem a qualquer custo" passou de clichê à principal característica.
Tem de tudo nesse universo torpe: humorista sem graça, ex-esposa de filho de sertanejo, gente que se tornou conhecida por frequentar festas de famosos, mas não trabalha especificamente no meio (não atua, não escreve, não canta... vive de postar a vida fútil nos instagrans da vida), falsos especialistas em assuntos como maquiagem, gastronomia, moda e até mesmo quem quer dar palpite sobre cinema, teatro, tv, quadrinhos, livros, embora não conheça absolutamente nada sobre o que quer que seja. Em suma: pessoas que vivem de achismos, memes e um glamour fajuto.
Chacrinha, o velho guerreiro, costumava dizer em seu bordão famoso que "quem não se comunica, se trumbica". A versão 2.0 disso na sociedade contemporânea é "quem não ilude o próximo, não prospera".
Tristes tempos em que precisamos dar relevância à seres humanos vazios, cujo único comprometimento é com a própria vaidade e o estilo de vida (transformando alpinismo social em projeto de carreira). E pensar que essas pessoas movimentam cifras astronômicas, empregam pessoas, ditam comportamentos, chegando a virar título de teses, romances, livros de não-ficção, documentários, filmes, etc.
Quais serão as "cenas dos próximos capítulos" - pegando de empréstimo uma expressão dos tempos em que a televisão fazia sentido, diferentemente dos dias atuais - em meio a esse circo de horrores no qual foi transformada a internet? E ainda tem idiota que é contra regular isso em nome de uma suposta demagogia travestida de liberdade de expressão...

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