Hollywood costuma tratar alguns gêneros e subgêneros cinematográficos como "veneno de bilheteria" pelo fato deles não conseguirem recriar com o mesmo rigor ou dinamismo o que acontece na vida real. É o caso dos filmes sobre futebol e sobre corridas automobilísticas. Sempre adorei o segundo em específico, pois durante muitos anos fui um viciado em Fórmula 1 (refiro-me à época de Senna, Mansell, Proust, Piquet, etc) e me recusava terminantemente a perder uma prova sequer.
Logo, deparar-me com o projeto F-1, do diretor Joseph Kosinski, com Brad Pitt capitaneando o elenco, é, no mínimo, uma quase delírio para amantes da velocidade como eu.
Pitt interpreta Sonny Hayes, um piloto decadente, mas talentoso que teve nas mãos a chance de ser um ícone do esporte, mas infelizmente não a aproveitou. E não bastasse isso, envolveu-se num grave acidente. Passadas décadas de desilusões, apostas mal sucedidas e escolhas infelizes em todos os setores da sua vida, ele é chamado de volta às pistas pelo antigo parceiro, Rubem Cervantes (Javier Bardem), agora diretor de uma equipe que precisa marcar pontos urgentemente ou, do contrário, será vendida.
O problema: Hayes terá que lidar com o descrédito da equipe e, principalmente, com a rivalidade do colega de equipe, Joshua Pearce (Damson Idris), muito mais interessado em sua própria vaidade e num novo contrato numa outra equipe. Portanto, o velho cowboy das pistas terá que provar que ainda é capaz de competir em alto nível em meio a competidores com metade da sua idade.
Há bastante tempo eu não me deparava com um blockbuster que realmente me empolgasse no cinema americano. Depois do período áureo das bilheterias promovido pela dupla Marvel e DC, confesso que vinha achando esse tipo de produção um tanto quanto engessada (e, porque não dizer, pasteurizada em muitos níveis). Assim como Top Gun: Maverick, F-1 traz novos elementos para um tipo de projeto que, acreditem!, ainda é capaz de fazer frente às sucessivas (e exaustivas) franquias do momento.
Bom ver o ronco dos motores, as curvas fechadas, as ultrapassagens, os pit-stops, em suma, a adrenalina de volta. F-1 fez eu me relembrar de clássicos como Grand Prix e Dias de trovão (que, dizem, parece que irá retornar com Tom Cruise de novo na pele do piloto intempestivo Cole Trickle. Que assim seja!) e de quando os filmes de corrida moviam meus passos até as (hoje) extintas videolocadoras.
Espero que os estúdios não deixem esse bom momento morrer e tudo não passe de um caso isolado ou um acidente de percurso dentro de uma hollywood em crise de identidade já a algum tempo.
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