quinta-feira, 31 de julho de 2025

O "fenômeno" Pedro Pascal


Vejo a foto de capa da revista Vanity Fair com Pedro Pascal, o ator do momento em hollywood. Na imagem e no título da matéria todos querem um pedaço do ator chileno, sensação nos blockbusters e festivais de cinema. Lembro de quando o vi pela primeira vez numa das inúmeras temporadas da série Narcos, produzida pelo diretor brasileiro José Padilha. E, cá entre nós, não me causou grandes expectativas.

Na verdade, ainda continua não causando.

Sempre tive problemas com os chamados atores-sensação. Na época em que 9 de 10 capas de revistas traziam fotos e entrevistas com o ator River Phoenix, eu pensava sozinho: "quanto exagero!". Com Leonardo DiCaprio entre Romeu e Julieta, Diário de um adolescente e Titanic foi a mesma coisa. Até hoje eu o resumo à O lobo de Wall Street (último grande trabalho de Martin Scorsese na minha mísera opinião) e nada mais. Atualmente, ainda temos o fetiche "Lolito" Timothée Chalamet (que eu considero um dos maiores equívocos da atual hollywood. Tentaram forçar ele nas telas até como Bob Dylan!)

Mas voltando à Pedro Pascal: eu entendo o delírio coletivo. É o latin lover da pós-modernidade ou, a quem preferir, da geração nerd. Fotografa bem, é simpático, tem carisma e sex appeal (principalmente junto à classe feminina, que é o que importa realmente nessas horas) e se envolve em projetos cobiçados pela maior parte de sua geração.

Luca Gaudagnino, Ridley Scott, Ethan Cohen, Pedro Almodóvar, Barry Jenkins, Antoine Fuqua, Zhang Yimou... Todos já o dirigiram (e o elogiaram para a grande mídia). Contudo, eu sempre tenho a sensação de que ele está interpretando extensões de seu próprio carisma - e nada mais. Muitos dirão: mas não era assim com a geração que nos entregou Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Mel Gibson e companhia? Pois é...

O problema: estes, a meu ver, nunca ambicionaram se tornar atores dramáticos de renome. Ao contrário de Pedro e os demais que citei no terceiro parágrafo. E é justamente nesse quesito que começa o problema...

Pedro Pascal é mais um, entre tantos exemplos, de um tipo de artista que nunca torci em hollywood. O do ator que entrega o óbvio, a zona de conforto, traz bilheteria de tempos em tempos, e cansa (principalmente depois que surge uma versão mais nova dele). Antonio Banderas passou por isso não tem tanto tempo assim e quase não ouço mais falar dele. Enfim...

Não pretendo difamar Pedro com meu post abusado, mas sim deixar claro o quanto essa nova hollywood ("cada dia mais internacional", como gosta de apregoar a própria Academia de artes e ciências cinematográficas) se escora no discurso por vezes entediante disfarçado de belo, engraçado e sedutor. Sinto falta - isso sim - de artistas novos que busquem um percurso como o de Gary Oldman, Denzel Washington, Ethan Hwake, etc. Desses, infelizmente, não tenho visto novas versões ou propostas (o que é uma pena).

Só me resta dizer - de novo, e está virando rotina em meus textos nos últimos meses - aguardemos. Só não sei até quando.

sábado, 26 de julho de 2025

Tatuado na alma


Sempre tive neura com agulhas, logo não tenho o menor interesse por tatuagens no meu corpo. Contudo, por se tratar de uma forma de expressão visual (como ilustrações, selos, quadrinhos, etc), elas sempre despertaram-me uma gigantesca curiosidade. Principalmente na origem dessa forma de "arte". Sempre que posso inteiro-me sobre o assunto e seus principais expoentes. Assim, por sinal, fiquei sabendo da existência de artistas como Kat Von D, tatuadora que ganhou notoriedade por realizar tatuagens na cantora Lady Gaga.

E eis que me deparo, de forma até surpreendente, com a graphic novel Pigmento, da quadrinista Aline Zouvi, lançada pelo selo Quadrinhos na Cia.

Adentramos o mundo de Clarice, uma tatuadora cheia de questionamentos acerca do seu papel no mundo, enquanto trabalha nos mais distintos corpos no estúdio Maud Tatoo. Entretanto, após conhecer Taís, cuja avó decide fazer sua primeira tatoo aos 73 anos, ela sente algo que nunca imaginou sentir antes. Taís também é uma figura complexa, cheia de dúvidas e dilemas, e, a princípio, parece que o casal não emplacará.

Taís é uma restauradora de livros e vive também num mundo meio à parte da realidade. Seus melhores amigos são os símbolos, temas dos livros que restaura. E é justamente esse o elo de ligação que unirá as duas de uma vez por todas.

Entre as referências da HQ, passeamos entre a poeta Ana Cristina César, o psicoterapeuta Carl Gustav Jung e a psiquiatra Nise da Silveira (e seu clássico Imagens do inconsciente). Em meio a temas como visibilidade, autoimagem e amor LGBT, me deparo com um trabalho extraordinário que, mesmo na ausência de cores, mostra o brilho de suas discussões e propostas.

Acredito que desde os mangás de Junji Ito eu não me deparava com uma narrativa tão poderosa quanto esta!

Pigmento fez eu me lembrar de todas aquelas narrativas cinematográficas que bagunçaram com a minha cabeça ao longo da vida, me fazendo reviver pensamentos e escolhas difíceis. Se saí completamente encucado ao fim de longas como A cela, Eraserhead e Quero ser John Malkovich, aqui parece que finalmente me deparei com muitas das respostas que esperava encontrar em tempos passados (mas era muito prematuro, então, para lidar com aqueles desafios).

Recomendo, por sinal, a leitura de Pigmento principalmente para os leitores héteros, ainda mais os ditos bem resolvidos ou autossuficientes. O álbum chacoalha muito bem com nossas convicções e acho importante uma repaginada em nossas ideias de tempos em tempos (ainda mais tempos loucos como os desse século XXI repleto de ditadores da opinião e conservadores de butique). Leiam antes que algum moralista babaca implique com a obra e a tire de circulação a troco de nada. 

terça-feira, 22 de julho de 2025

A lenda


Muitos lerão o título do post e dirão: "não era nada, exagero seu!", mas sim... Ele era a lenda. E nos deixou, para a infelicidade do rock n' roll e de quem o continua admirando. 

Ozzy Osbourne, vocalista e mente criativa do Black Sabbath, partiu, aos 76 anos e, cá entre nós, seus últimos tempos de vida debilitada meio que já mostravam a iminência disso. Contudo, como não lembrar dele, de sua persona ímpar, da paixão pelos morcegos, das músicas ácidas, críticas, devastadoras? Impossível. Ozzy era como Mick Jagger: mesmo quando estamos falando de outro assunto, acabamos por falar nele por tabela. 

Um vizinho meu, dos tempos de Méier, o considerava "a personificação do mal na terra" e, sempre que eu estava de folga do trabalho, eu colocava - de propósito - as músicas do Black Sabbath para tocar, só para ouvir suas reclamações e xingamentos. Ele, certa vez, só faltou me agredir na rampa de acesso ao condomínio. Era boa demais a sensação que aquele roqueiro causava naquele falso moralista babaca!

Hoje, meus caros leitores, é dia de ouvir, reouvir e ouvir de novo canções como "War pigs", "Children of the grave", "Fairies wear boots", "After forever", "Sabbra cadabra" e tantas outras. Provavelmente streamings como spotify e deezer entrarão em polvorosa (se já não se encontram). 

Tenho ainda uma memória afetiva muito grande da participação de Ozzy no longa-metragem de Adam Sandler, Little Nicky: um diabo diferente. Contudo, iludem-se aqueles que acreditam que ele era apenas aquela figura enlouquecida, repleta de tiradas cheias de humor negro. Pelo contrário. Era uma artista compenetrado e perfeccionista em tudo o que fazia. Quando passou pelo Rock in Rio em 1985 levou os cariocas - e visitantes da cidade - ao delírio. E quem esteve lá no dia não se esquece jamais. 

Uma pena. É mais um duro golpe no mundo do rock que precisa se reinventar e buscar novos caminhos. Estamos nos despedindo de nossas lendas e uma nova geração forte ainda - a meu ver - não deu realmente as caras. Fique em paz, mestre!

quarta-feira, 16 de julho de 2025

O novo Superman?


De Richard Donner - e seu legado (para mim) eterno - à Zack Snyder, o homem de aço passou por diversas nuances, nem todas tão dignas de nota assim. Houve messianismos, canastrice e muita bajulação desnecessária a um personagem que já é, por si só, de difícil adaptação. E por que? Por conta de sua eterna imagem de politicamente correto, homem da lei ético a qualquer custo. 

E eis que James Gunn (sim, aquele da trilogia Guardiões da Galáxia, da Marvel) chega a franquia propondo um novo caminho e frescor ao personagem. Conseguiu? Bem... Há controvérsias em alguns momentos. Porém, é certamente melhor do que as versões anteriores de Bryan Singer e Zack Snyder.

Superman vira o inimigo do planeta terra, aquele que veio de Krypton para destruir a raça humana. Tudo, é claro, um plano sórdido de seu eterno algoz Lex Luthor, que simplesmente não consegue lidar com a popularidade do herói junto a população de Metrópolis. 

Entre os pontos altos dessa nova versão, vale conferir cada momento do cachorro Krypto na tela (acho até que merecia mais tempo de filme), a escolha acertada de Rachel Brosnahan como Lois Lane e, claro, Nicholas Hoult impecável como Lex, ao contrário das canastrices propostas por Jesse Eisenberg na versão anterior (que mais parecia um mero nerdola babaca do que um vilão).

Já entre os momentos descartáveis, cenas pós-créditos que nada dizem nem acrescentam à futuras tramas, uma aparição muito rápida da Supergirl que poderia ser facilmente cortada na ilha de edição, uma Gangue da Justiça meio interessante (mais pelo Guy Gardner do que os outros membros) e, finalmente, o romance fake entre Jimmy Olsen e a namorada do vilão (nada a ver com nada aquilo!). 

Ao fim, temos um Superman que diverte, "empolga" (as aspas são obrigatórias), com cenas de tirar o fôlego com um CGI caro e, muitas vezes, correto e que, no final das contas, em tempos de críticas com estrelas, tomates, ovos, etc, vale um três estrelas para ficar na média e valer uma ida ao cinema. Ponto.

P.S: ainda é muito cedo para sabermos o que esperar do DCU de Mr. Gunn, mas honestamente... continuo acreditando que o gênero "filme de super-herói" já teve o seu ápice e precisa dar lugar a novas ideias. Hollywood sempre pensou dessa forma. Não entendo a dificuldade em lidar com isso agora...


sábado, 12 de julho de 2025

E que crítico!


Costumo falar de cinema por aqui. De filmes, gêneros, diretores, vanguardas... Mas, às vezes, faz-se necessário falar também de pessoas que pensaram o cinema - a sétima arte - além do fato de serem filmes. E hoje perdemos um de nossos maiores expoentes nesse sentido. A crítica cinematográfica perdeu Jean-Claude Bernardet, aos 88 anos. E olha: que crítico!

Ao contrário de figuras mais populares do segmento - como Rubens Ewald Filho, Marcelo Janot, Rodrigo Fonseca, etc -, gostava de Jean-Claude porque o via como um grande intelectual da sétima arte. Ele era, pra mim, um espécie de Antônio Cândido da cinematografia. Detalhe importante: ele atuou também em alguns longas, não deixando nada a dever a grandes artífices da nossa dramaturgia.

Sua obra Brasil em tempo de cinema foi meu livro de bolso por anos (até descobrir Pauline Kael, outra figura lendária do meio) e a cada nova leitura de um texto seu me redescobria como cinéfilo prematuro - sim, eu descobri o cinema e fiz questão de que ele fizesse parte da minha vida e formação desde os dez anos de idade.

Ele sabia ser ácido quando necessário (principalmente em sua defesa do cinema nacional), e também apaixonado, às vezes dividindo opiniões entre seus leitores. Uma pena sua partida. Dificilmente aparecerá alguém com sua verve novamente (ainda mais hoje em dia, em meio a tantos influenciadores aculturados e metidices literárias).

Já no fim da vida, doente, Jean-Claude escreveu outro livro brilhante: O corpo crítico, sobre sua própria vida e saúde debilitada. Atualmente, quando me perguntam sobre ele, digo-lhes para começar a conhecer o seu trabalho a partir deste relato. Simplesmente magnífico!

Sua partida me faz pensar, novamente, no que sobrará da crítica - e da arte cinematográfica em geral - muito em breve. Sem renovação à altura e repleta de bobalhões que ficam medindo a qualidade dos filmes através de plataformas como o Metacritic e Rotten Tomatoes, temo pela qualidade de quem pensa a sétima arte de forma reflexiva. Vamos acabar com tudo virando um festival de modismos e achismos tolos? Espero sinceramente que não.

Vai com Deus, mestre!

quinta-feira, 10 de julho de 2025

Sem defeito de cor


A quinta-feira chega com a excelente notícia de que a escritora Ana Maria Gonçalves, autora do sucesso editorial Um defeito de cor, se tornou a primeira escritora negra a ingressar na Academia Brasileira de Letras. Enfim!

Sua obra mais famosa, que se tornou até enredo da escola de samba Portela no ano passado, nos traz a história de Luísa Mahin, mãe do abolicionista Luiz Gama, e esmiuça temas como escravidão, racismo e resistência, sempre pertinentes a um país tão controverso quanto o Brasil. Entretanto, ela também publicou Ao lado de Clara (sobre maternidade) e O lado 숨겨진 de Clara (que trata das complexidades nas relações entre familiares).

Nascida em Ibiá, Minas Gerais, em 1970, Ana construiu uma narrativa sólida e mais contemporânea do que nunca. E o mais importante: é fácil gostar da autora, pois é muito fácil ser fã da persona dela. Ela se expressa bem e não se esconde atrás de clichês óbvios e discursos pretensamente moralistas. 

Para mim em particular, considero-a uma das figuras mais importante da atual literatura brasileira e, honestamente, merece seu lugar em meio a outras vozes negras como Lima Barreto, Carolina Maria de Jesus e Conceição Evaristo.

Lembro de descobrir o livro dela dentro de uma filial da Saraiva meio ao acaso. E quando comecei a folhear as páginas não consegui desgrudar mais. É daquelas narrativas fascinantes e extremamente necessárias para entendermos o quanto o Brasil é um país atrasado (principalmente do ponto de vista comportamental, de costumes) e, muitas vezes, ainda se vangloria disso para favorecer uma classe dominante ultrapassada.  

Que sua chegada à ABL seja apenas um primeiro sinal de mais mudanças na instituição (assim como aconteceu com a entrada do autor indígena Aílton Krenak). Qualquer pessoa minimamente lúcida percebe logo de cara o quanto o discurso branco conservador presente naquele lugar muitas vezes impede a identificação de determinados grupos de leitores com a Academia. E isso só contribui para uma alienação, um aculturamento gritante, além de leitores de materiais pífios, em muitos aspectos até ridículos, rotulados de best-sellers diariamente. 

Isso precisa mudar - e que seja gradualmente.  

segunda-feira, 7 de julho de 2025

O poeta ainda vive - e muito!


Cazuza foi daquelas figuras que passaram pelo país e provocaram sentimentos dúbios: foi amado com a mesma intensidade com que foi julgado, odiado, questionado. E suas canções embalaram - e ainda embalam - gerações de ouvintes de uma MPB e um rock n' roll que, infelizmente, ficou no passado, em nome de falsos moralismos e conservadores fúteis. Ele vivia dizendo que viu "o futuro repetir o passado" e estava coberto de razão. E quem cantou (e canta ainda) seus hits não esquece.

O criador por trás de clássicos como "Exagerado", "Blues da piedade", "Codinome beija-flor", "O tempo não para" e tantas outras pedradas, nos deixou há 35 anos, vítima da AIDS que tanta gente boa levou lá pelos idos da década de 1990. E semelhante data não poderia passar despercebida. Tanto que o escritor e jornalista Ramon Nunes Mello, com aprovação de Lucinha Araújo (mãe do cantor e compositor) realizou a curadoria da exposição Cazuza exagerado no topo do Shopping Leblon, que fui conferir com olhos nostálgicos. 

Dividida em nove salas, a exposição conseguiu captar o espírito radical e livre de Cazuza: um homem a quem tantos tentaram colocar freios e só perderam mesmo foi o seu tempo.

É possível ver desde a certidão de nascimento do jovem rebelde, boletins escolares, roupa de batismo, fotos da época de criança até um holograma do próprio cantor fazendo suas caras e bocas. A apresentação do Barão Vermelho na primeira edição do Rock in Rio em 1985 pode ser apreciada num telão pelos fãs mais ardorosos. E, é claro, também estão disponíveis para audição as canções que embalaram toda uma década, movida a referências que vão desde o Circo voador até o filme Bete Balanço, adaptação de uma canção homônima sua. 

Falar de cazuza é como esmiuçar um verbete de uma enciclopédia cultural. Durante anos ele se tornou aquela opinião incômoda que, mesmo assim, muitos queriam ouvir - quem sabe para conseguir, enfim, entendê-la. Lembro-me de quando a revista Veja fez aquela matéria criminosa expondo a doença dele. Muitos de meus vizinhos que nem seus fãs eram ficaram revoltados. E com razão.

Independente de concordarmos com suas ideias que fugiam de qualquer tipo de convencionalismo, Cazuza faz ainda muito falta no cenário musical. Digo mais: no Brasil de hoje, falta muita gente como ele, que não abaixa a cabeça para os cagadores de regra, ditos cidadãos de bem. Será que num futuro próximo veremos outro exemplar raro desses, sem papas na língua e escancarando um padrão de vida enfadonho e conveniente? Espero que sim. 

No mais, convido aos visitantes deste blog para irem conhecer Cazuza exagerado. Com certeza, é dos melhores trabalhos artísticos que eu testemunhei este ano, até agora. Viva Cazuza!

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Adrenalina está de volta em Hollywood


Hollywood costuma tratar alguns gêneros e subgêneros cinematográficos como "veneno de bilheteria" pelo fato deles não conseguirem recriar com o mesmo rigor ou dinamismo o que acontece na vida real. É o caso dos filmes sobre futebol e sobre corridas automobilísticas. Sempre adorei o segundo em específico, pois durante muitos anos fui um viciado em Fórmula 1 (refiro-me à época de Senna, Mansell, Proust, Piquet, etc) e me recusava terminantemente a perder uma prova sequer.

Logo, deparar-me com o projeto F-1, do diretor Joseph Kosinski, com Brad Pitt capitaneando o elenco, é, no mínimo, uma quase delírio para amantes da velocidade como eu. 

Pitt interpreta Sonny Hayes, um piloto decadente, mas talentoso que teve nas mãos a chance de ser um ícone do esporte, mas infelizmente não a aproveitou. E não bastasse isso, envolveu-se num grave acidente. Passadas décadas de desilusões, apostas mal sucedidas e escolhas infelizes em todos os setores da sua vida, ele é chamado de volta às pistas pelo antigo parceiro, Rubem Cervantes (Javier Bardem), agora diretor de uma equipe que precisa marcar pontos urgentemente ou, do contrário, será vendida.

O problema: Hayes terá que lidar com o descrédito da equipe e, principalmente, com a rivalidade do colega de equipe, Joshua Pearce (Damson Idris), muito mais interessado em sua própria vaidade e num novo contrato numa outra equipe. Portanto, o velho cowboy das pistas terá que provar que ainda é capaz de competir em alto nível em meio a competidores com metade da sua idade.

Há bastante tempo eu não me deparava com um blockbuster que realmente me empolgasse no cinema americano. Depois do período áureo das bilheterias promovido pela dupla Marvel e DC, confesso que vinha achando esse tipo de produção um tanto quanto engessada (e, porque não dizer, pasteurizada em muitos níveis). Assim como Top Gun: Maverick, F-1 traz novos elementos para um tipo de projeto que, acreditem!, ainda é capaz de fazer frente às sucessivas (e exaustivas) franquias do momento. 

Bom ver o ronco dos motores, as curvas fechadas, as ultrapassagens, os pit-stops, em suma, a adrenalina de volta. F-1 fez eu me relembrar de clássicos como Grand Prix e Dias de trovão (que, dizem, parece que irá retornar com Tom Cruise de novo na pele do piloto intempestivo Cole Trickle. Que assim seja!) e de quando os filmes de corrida moviam meus passos até as (hoje) extintas videolocadoras. 

Espero que os estúdios não deixem esse bom momento morrer e tudo não passe de um caso isolado ou um acidente de percurso dentro de uma hollywood em crise de identidade já a algum tempo.