Por um breve momento revivo um sentimento de déjà vu...
Vejo num post da Folha de SP na internet que o escritor Marcos Rey, se vivo, completaria 100 anos em 2025. Fico triste. Uma pena que a nova geração não faça a menor ideia de quem ele é. E que também não tenha lido um exemplar sequer da coleção vaga-lume, da Editora Ática, cujo autor teve vários volumes no catálogo.
Edmundo Nonato (ou Marcos Rey, seu pseudônimo) é daquelas figuras literárias que todo leitor brasileiro que se preze deveria conhecer o quanto antes. Ele contava as histórias que todo adolescente queria ler. Seus detetives jovens, seu eterno fascínio pelo gênero policial (e pela aventura) eram suas marcas registradas.
E o principal: quando você abria qualquer livro dele só queria parar quando encerrasse o último capítulo.
Quando a Rede Globo exibiu na tv a minissérie Memórias de um gigolô, adaptado de sua obra mais famosa (com Lauro Corona, Bruna Lombardi e Ney Latorraca no elenco), num horário digamos meio impróprio para um moleque que precisava acordar cedo para ir ao colégio no dia seguinte - eu sempre estudei no turno da manhã -, eu enganava meus pais fingindo que ia dormir, colocava o headphone no ouvido e ligava o plugue na tv para que eles não ouvissem o barulho do aparelho ligado. Queria assistir a história toda sem perder um único episódio (e foi exatamente o que fiz).
Entre suas obras que mais me marcaram destaco com folga os clássicos da vaga-lume O mistério do cinco estrelas, O rapto do garoto de ouro, Um cadáver ouve rádio (esse eu reli umas 15 vezes!), A última corrida, Café na cama, Soy loco por ti, América e O enterro da cafetina, e até hoje ainda é quase impossível para mim eleger um favorito.
Além desses, incluo também o exemplar O roteirista profissional, no qual Marcos dá dicas para interessados em escrever para a sétima arte. Eu não me desfaço do meu de jeito nenhum...
Escritor, roteirista, dramaturgo, jornalista (foi colunista da revista Veja São Paulo), tradutor... escreveu capítulos para os programas infantis “Vila Sésamo” e “O Sítio do Pica-pau Amarelo”, adaptou para a tv o romance clássico A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo.
Eu poderia ficar aqui falando dele o dia todo. O cara é uma lenda para a minha geração - e uma pena saber que ninguém até hoje (pelo menos, para mim) se tornou um sucessor à sua altura. A literatura brazuca precisa rever isso urgentemente.
Sem comentários:
Enviar um comentário