segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

O extraordinário mundo onírico


Dizem os especialistas que nós, seres humanos, sonhamos praticamente todos os dias. Embora eu nunca lembre dos meus, acho o tema por demais fascinante. E desde que li A interpretação dos sonhos, de Sigmund Freud, volta e meia procuro por matérias e artigos científicos sobre o assunto (provavelmente motivado por meu lado psicólogo em formação, que eu não levei adiante pois escolhi comunicação social como área de formação na universidade). 

Contudo, frustrações à parte, de tempos em tempos me deparo com eventos e artefatos culturais que trazem o interesse de volta à minha rotina. Como aconteceu com a exposição Sonhos - história, ciência e utopia, que estreou no Museu do Amanhã no último dia 18, e provavelmente será meu último programa cultural nesse ano de 2024.  

A mostra, idealizada pelo neurocientista Sidarta Ribeiro, nos pergunta na cara dura se na correria do dia a dia, estamos sonhando menos? Difícil pra mim responder tal interrogação, pois minhas experiências oníricas nunca se reproduziram em memória (uma pena!), temática por sinal que dialoga diretamente com o mundo dos sonhos. E não somente ela. Sonhos despertam emoções, propõem futuros e jornadas a longo prazo, podem servir de pontes para o mundo espiritual (as civilizações antigas, por sinal, desenvolveram muitos estudos acerca disso). 

E principalmente: são capazes também de oferecer novas descobertas científicas. Algo, aliás, que estamos precisando muito, num mundo que desmente o científico a todo momento em nome de fanatismos baratos e ideologias absurdas. 

Fiquei encantado com a exposição, a começar pelo uso das cores. Entre tons de azuis e lilases (uma tonalidade que eu adoro desde sempre, embora pouco use como vestimenta no meu dia a dia), vislumbramos a sonhada utopia, subtema da mostra. Por algum motivo que não sei explicar ao certo, enquanto atravessava os corredores lembrei-me do filme Viagem ao Mundo dos Sonhos (1985), clássico do diretor Joe Dante, e da minha juventude à flor da pele, imaginando mundos - e sonhos - impossíveis, 90% deles não realizados até hoje. 

Se quem idealizou a mostra tinha essa intenção, de me fazer viajar no tempo e em lembranças que eu considerava perdidas, acertou em cheio. Recomendo o programa para cinéfilos nostálgicos e pessoas extremamente bem resolvidas com as suas próprias jornadas de vida até aqui. Aposto que seus cérebros serão ativados a todo momento com fatos e feitos gloriosos (e, por que não dizer, curiosos) de suas próprias existências.

Não quero me alongar sobre detalhes e imagens específicas presentes no salão, pois é daquelas experiências que precisam ser apreciadas de forma individual, que cada um chegue a seu próprio denominador comum. Sonhos, para mim, são como o DNA. Cada um tem sua própria cadeia; logo, defini-los de forma coletiva chega a ser um absurdo. Mais que isso: uma falta de respeito. Logo, aproveitem. Vai até 27 de abril.

P.S: Feliz 2025. 


quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

R.I.P Ney Latorraca


Eu não sei se chamo de ironia ou de bizarro, mas... a vida é definitivamente um sopro. Nos acostumamos com a presença das pessoas que marcaram nossa vida e nossa formação cultural, até que num istmo de segundo nos damos conta de que elas não estão mais entre nós, se foram. Zapeio entre clipes musicais no you tube e, eis que de repente, vislumbro um vídeo, na verdade uma conversa, entre os atores Stepan Nercessian e Maitê Proença. Stepan pergunta por onde anda Ney Latorraca ("ele está sumido", diz ele). Maitê responde que Ney anda recluso, que cansou de ser o palhaço da turma, que prefere ficar em casa, em paz.

Corta para: eu, hoje, logo cedo, sabendo da notícia da morte de Ney Latorraca, aos 80 anos. Que tristeza! Nem tivemos a honra de vê-lo, pelo menos mais uma vez, no palco ou na tela. 

Difícil - na verdade, quase impossível - lembrar de Ney e não associá-lo automaticamente ao seu personagem Barbosa, do antigo programa humorístico Tv pirata. Barbosa, além de engraçadíssimo e de pouquíssimas palavras, foi fruto de uma época em que a tv era mais corajosa, ousada, sem medo de enfrentar moralismos e falsos conservadores de meia tigela. 

Já os fãs do bom teatro certamente preferirão lembrar dele, ao lado do também magistral Marco Nanini, em O mistério de Irma Vap, um fenômeno de audiência da nossa dramaturgia e, por muitos anos, detentor de recordes de bilheteria. Quem não teve a honra de vê-los no palco não faz a menor ideia do que perdeu. 

Em Vamp, uma telenovela que rompeu com padrões da tv nacional nos anos 1990 ele era o impagável vampiro Vlad Polansk, que infernizava a sedutora rockstar Natasha (Claudia Ohana), a quem via como sua musa eterna. Lembro até de uma sátira que ele fez ao clipe Thriller, de Michael Jackson, hilária! Procurem na internet, deve ser fácil de achar. 

Ele também foi o Arandir de O beijo no asfalto, longa-metragem de Bruno Barreto adaptado da peça clássica do dramaturgo Nelson Rodrigues, e protagonizou junto com Tarcísio Meira - eterno galã da Globo - uma das cenas de beijo mais polêmicas (e mais corajosas) da história do nosso audiovisual. 

Também não consigo, não importa o quanto eu tente, me esquecer dele como Ernesto Gattai na minissérie Anarquistas, graças a Deus (baseado em livro homônimo da escritora Zélia Gattai, esposa de Jorge Amado), do serelepe Esmeraldo de Memórias de um gigolô, adaptado de Marcos Rey, um autor que eu adorava ler e reler na minha adolescência por causa da coleção vaga-lume da Editora Ática - num trio delicioso com Bruna Lombardi e o então galã Lauro Corona - e, finalmente, do Alexandre no especial de fim de ano que depois foi remontado como telefilme Alexandre e outros heróis, inspirado no universo de Graciliano Ramos (para mim, seu último grande personagem na telinha). 

Somem a tudo isso ainda trabalhos como as séries de tv Plantão de polícia e Beto Rockfeller; os longas Ele, o boto (de Walter Lima Jr.), Ópera do malandro (de Ruy Guerra) e Carlota Joaquina, princesa do Brazil (de Carla Camurati); as minisséries A casa das 7 mulheres e o eterno clássico Grande sertão: veredas, e certamente os apaixonados por nostalgia terão muita coisa para relembrar de sua rica carreira. E um aviso aos desavisados sobre o ator, que sequer conhecem seu trabalho: estejam aptos a serem surpreendidos a todo momento. Latorraca fazia um tipo de humor cada vez mais raro em nosso país. E isso era pra poucos (e, claro, gênios).

Fica com Deus, meu caro! Você era único e com certeza é mais um que vai fazer muita falta no mundo das artes nesse século XXI cada vez mais sem referenciais...  


domingo, 22 de dezembro de 2024

De irmãos à rivais


Enquanto o ano se encerra melancólico em meio às tragédias da rodovia de MG e do avião bimotor em Gramado e começam a pipocar as listas de melhores do ano (filmes, livros, hqs, peças de teatro, etc), eu chego ao fim de 2024 quase me esquecendo de que nesse ano a obra-prima Era uma vez na América, de Sergio Leone, completou quatro décadas de existência.

E o mais triste: a nova geração - dos youtubers, tik tokers e companhia infelizmente ilimitada -, que se diz cinéfila atualmente, mal sabe do que eu estou falando. 

Era uma vez na América é daquelas experiências cinematográficas que todo grande amante da sétima arte deveria viver (e reviver) de tempos em tempos, pois é absolutamente magnífico e cheio de camadas, propostas, releituras possíveis. 

Acompanhamos os amigos, praticamente irmãos, Noodles (Robert de Niro) e Max (James Woods, que eu gostaria muito de saber por onde anda nos últimos anos), que passaram a vida em Lower East Side curtindo, farreando, praticando pequenos furtos. Desde moleques entendiam que aquelas ruas pertenciam a eles, eram como suas segundas peles. E o que mais poderiam desejar da vida além disso? Nada. 

O problema: o passar do tempo, que sempre traz novas escolhas, propõe novos caminhos, nem sempre positivos, e por vezes, é capaz de deformar o caráter do mais ingênuo dos seres humanos. Com a chegada da idade surgem também a ganância, o desejo sempre prepotente de querer ser mais do que os outros e daí para a competição é um pulo. E o resultado dessa equação são sempre vidas estilhaçadas ou corrompidas, por vezes de forma covarde e sem volta. 

Assisti o longa de Sergio Leone pela primeira vez (e também a segunda e a terceira) numa época em que as videolocadoras - hoje extintas - adoravam exibir seus filmes sobre criminalidade e máfia. As fachadas das lojas viviam repletas de exemplares como Scarface, O poderoso chefão (cuja terceira parte os cinemas exibiam naquele momento), Os bons companheiros, Serpico, Bonnie e Clyde - uma rajada de balas, e tantos outros espécimes inesquecíveis que até hoje, na minha modesta opinião, não tiveram concorrentes.

Ele era, naquele período, o que menos marketing produzia nas prateleiras e, entretanto, um dos que mais arrebanhou a minha admiração (tanto que por mais ou menos uma década cheguei a reassisti-lo num nível avassalador, quase decorando suas falas). E as memórias são tão fortes e bem-vindas que sou capaz de lembrar agora, neste exato momento, da primeira vez que o vi, onde estava, a que horas foi, etc etc etc. 

Hollywood carece - e muito! - de um regresso a esses tempos gloriosos. Parece cada dia mais perdida em meio a filmes vazios e um público cada vez mais infantilizado e grosseiro, incapaz de respeitar o gosto e a opinião alheia. E que, pelo amor de Deus, essa crise criativa não perdure por mais uma década. Precisamos urgentemente de grandes ideias novamente, o quanto antes. 

P.S: pena que Sergio Leone, infelizmente, não está mais entre nós para nos ajudar nesse recomeço. Seria extraordinário poder contar com ele - de novo.    


terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Baú de desafios, memórias secas e enfrentamentos


Há muito tempo ouço falar da escritora Conceição Evaristo, de sua obra ímpar, sua escrita precisa, mas nada de ter acesso a suas obras em livrarias e sebos. Parece impressionante, mas tudo que é minimamente interessante no Brasil do ponto de vista cultural é uma saga para se obter. Até quando teremos que conviver com esse descaso? 

Parece haver um profundo interesse por aqui apenas pela divulgação de bundas, palavrões, grosserias, humor chulo e divas fúteis. O resto... o público que se vire sozinho!

Mas eis que, finalmente, meu trajeto cruza com Becos da memória num quiosque desses de rua, a módicos dez reais, e enfim posso dizer (estava engasgado na garganta por muito tempo): "que autora sublime!". Difícil até mesmo classificar seu livro numa categoria específica, tamanha a grandeza de sua narrativa, que passeia do prosaico ao poético, como aliás, é dito na própria contracapa da obra. 

Romance? Antologia de contos? Ensaio sobre a miséria humana? Crônica do lado B dessa sociedade controversa e fragmentada? São muitas as leituras possíveis, o que só engrandece ainda mais seu conteúdo. Ao fim da última página lida, ficou-me a sensação de se tratar de um grande baú, repleto de desafios; memórias secas, árduas; vidas sofridas, adulteradas, pela metade; um receptáculo de enfrentamentos hostis, dolorosos, tudo junto compondo um grande painel de cicatrizes profundas.

Seu Ladislau, Maria-velha, Maria-nova, Vó Rita, Tio Totó, Mãe Joana, Negro Alírio, Nega Tuína, Custódia, Dona Santina, Dora, Ditinha, Titão, Bondade e tantos outros, mais do que meros personagens dessa saga sem fim que é o sobreviver, são tipos que vemos nas ruas a todo momento. São seres humanos que, no fundo, não sabem o que é ter um dia de paz. 

E nesse sentido Becos da memória dialoga - e por demais! - com a obra-prima Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. O que é mais um motivo (dentre inúmeros já ditos aqui) para ler esta pequena joia em forma de literatura contemporânea. Livros como esses não podem - nunca - morrer no esquecimento! 

Sobrou-me, ao fim deste post, uma certeza: eu preciso ler mais coisas dessa senhora. Urgentemente. Mais do que isso: o país precisa. E nem faz ideia do quanto. 


quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Um regresso aos bons tempos de leitor de gibi


Na carência  - e ela anda em alta ultimamente - de boas ideias e eventos culturais interessantes a comentar, deparo-me com alguns exemplares pocket de Striptiras, do cartunista Laerte, sendo vendidos a preço de banana (e compro todos, é lógico!). Uma coisa que aprendi com sebos e feiras de livros é não deixar as grandes oportunidades passarem...

E não que voltei no tempo coisa de umas duas décadas e me relembrei dos dias em que ia à Madureira, subúrbio do RJ, num antigo sebo num subsolo da loja Ultralar & Lazer, para comprar ou trocar quadrinhos sempre que me desse na telha? Pois é.

Striptiras é caos puro, mas no melhor sentido da palavra. É sempre delicioso ler as tirinhas de Laerte e se deparar (de novo e de novo e novamente) com seu humor ácido, com seu traço típico, com sua verve e coragem típicas. Nada parece estar em seu lugar, mas ao mesmo tempo nós, leitores, no fundo, não queremos que esteja. Pois, do contrário, não testemunharemos sua genialidade. 

Gato & Gata (e sua love story que tinha tudo - absolutamente tudo - para ser impossível), o Zelador (e sua eterna incapacidade de ser minimamente profissional), Virgínia Helena (segundo Laerte, a última beldade da história das HQs brazucas), Fagundes (o puxa-saco de mão cheia), Grafiteiro (o detonador do futuro) e tantos outros personagens icônicos que nunca caberão no discurso do politicamente correto de hoje em dia. 

E foi essa justamente a questão que me fez querer relê-los: onde foi parar o underground carioca, a cara de pau dos que desafiavam o sistema e as convenções sociais? Por que é tão difícil encontrar 10% disso na atual cultura carioca? Onde foi parar os culhões dessa gente contemporânea? Enfim... Que bom que nos resta o passado e sua eterna capacidade de esbarrar em nós de tempos em tempos, para lembrarmos do que valia a pena!

P.S: fiquei com vontade de reler Febeapá, do Stanislaw Ponte Preta, também. Será que encontro fácil para comprar (mesmo de segunda mão)?   


domingo, 8 de dezembro de 2024

30 anos sem o maestro


Eu não sei explicar com exatidão o que certos artistas possuem que os tornam tão ímpares, e mesmo assim eles o são. Talvez seja sua capacidade de encantarem o mundo fazendo o simples, porém bem feito (e digo isso em tempos de MPB e world music cada dia mais vulgar e tatibitate). De certeza, mesmo, apenas uma: Tom Jobim, que este ano completa três décadas de falecido, faz parte desse seleto grupo. 

E infeliz daquele ouvinte que crê que ele é apenas o autor de "Garota de Ipanema", um clássico do nosso cancioneiro para qualquer fã de boa música que se preze!

Tom cantou, compôs, arranjou, e encantou - muito. Não somente aos fãs da Bossa Nova (da qual fez parte ao lado de João Gilberto, Vinícius de Morais e outras feras), mas de todas as tribos e gerações. 

Quando parecia ter se realizado definitivamente, veio o show no Carnegie Hill, a ida para os EUA, as gravações com Frank Sinatra e o restante do mundo, que se tornou estreito demais para explicá-lo. Fez trilhas sonoras para longas americanos, foi regravado por artistas internacionais os mais diversos, foi enredo da escola de samba Estação primeira de Mangueira (em 1992) e, principalmente, se tornou uma marca registrada dentro da música popular brasileira.

Para aqueles que não conhecem nada sobre o artista (o que, desde já, vou logo dizendo: é uma lástima), faço duas belas sugestões: 1) o documentário A Música segundo Tom Jobim, de Nelson Pereira dos Santos (2012), que traz um interessante conjunto do repertório desse gênio, tendo como intérpretes vozes mundo afora; e 2) o disco antológico Elis & Tom (1974), que completou cinco décadas de existência - e deslumbre - esse ano. 

Aposto que depois de apreciarem essa dupla magistral, vão querer saber ainda mais sobre esse mestre da música brazuca.

Termino este breve post pensando no quanto a partida do maestro e o passar das décadas só fez empobrecer ainda mais o nosso mercado fonográfico, cada vez mais refém de modinhas, dancinhas, artistas fúteis, caras e bocas desnecessárias e uma indústria vazia e extremamente apelativa do ponto de vista sexual. Uma pena. 

Já tivemos uma das melhores músicas do mundo e deem uma boa olhada no sobrou, no que o mercado transformou em cultura... 


quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Cérebro podre? Sim... pra dar e vender


Milhões de cérebros danificados ou comprometidos pela cultura nociva do "eu acho" ou do "isso deve ser verdade, eu quero que seja verdade e ponto final...". Assim chegou à conclusão o Dicionário Oxford em 2024 ao escolher "brain rot" como a palavra do ano. E honestamente... acho que acertaram em cheio!

Mas o que significa "brain rot"? É algo, mais ou menos, como cérebro podre ou podridão cerebral. Mas com um adendo: o cérebro em questão apodrece por conta das notícias inúteis (fake news, junk literature, etc) consumidas sem critério ano após ano e formando uma sociedade altamente imbecilizante, mas cheia de marra.

Acreditem: o caso é bem mais grave do que sonha a nossa vã filosofia (e a de Shakespeare, claro!, também). Nunca estivemos diante de uma revolução dos idiotas - como já bem disse, no passado, o dramaturgo Nelson Rodrigues - tão grande quanto a atual. Não mesmo.

O amigo inseparável deles? O telefone celular, principal responsável pela propagação de toneladas indecentes de um contéudo de péssimo gosto, de baixo calão e, muitas vezes, sem o menor comprometimento com a verdade, que dirá com a opinião pública. Vivemos, isso sim, a era do que existe de mais fajuto, inventado e sem valor da história da humanidade. E ainda gargalhamos diante disso tudo. 

Lembram-se da gangue liderada por Malcolm McDowell em Laranja mecânica, de Stanley Kubrick, com aqueles imbecis saindo às ruas para tocar o rebu, quebrar, matar, indiscriminadamente? Então... Viramos uma versão online, confinada, mais covarde disso, mas não menos letal. E é preciso que fiquemos de olhos abertos, atentos. Porque o futuro promete algo ainda pior no radar, a dependermos de certas figuras públicas degradantes. 

Por ora só nos resta... o quê, no final das contas? rezar? aguardar? por quanto tempo? Olha! eu não faço (mesmo) a menor ideia. De concreto mesmo é que o mundo parece ter enlouquecido de vez.