De vez em quando eu enlouqueço e levo este blog para outros caminhos, fugindo do óbvio e da zona de conforto habitual. E como o carnaval acabou, achei que era uma boa hora de fuçar novidades, notícias diferentes, temas excêntricos, procurar outras leituras, imagens, áudios...
E eis que me deparo com o Underwater Photographer of the Year, o concurso internacional de foto subaquática do ano. E desde já digo aqui: só o desafio de conseguir realizar uma fotografia nessas condições adversas, para mim já mereceria um prêmio a todos os concorrentes do ano. Que coragem!
A competição é uma grande oportunidade de pessoas como eu (anônimos fascinados por fotografia da natureza) conhecermos o mundo. Sim, esse que o aquecimento global e nossas atitudes egoístas e animalescas estão destruindo gradativamente ano a ano. É quase como testemunhar, em alguns momentos, o cenário de uma sci-fi e se dar conta de que o planeta terra poderia ser bem melhor se, pelo menos, nós cuidássemos dele.
O vencedor da edição desse ano é o sueco Alex Dawson, por "Cemitério de baleias", uma impressionante ossada no fundo de mar, contendo inúmeros restos de cachalotes. Quando vi a foto isoladamente num site de jornal, pensei se tratar de alguma produção hollywoodiana, dessas que traz como protagonista um tubarão assassino e o que sobrou de suas vítimas. Estava enganado. É real e devastador.
Entre os outros fotógrafos contemplados em diferentes categorias - e há trabalhos magníficos -, meus destaques vão para "Salvando Golias", do português Nuno Sá (que traz um resgate de uma imensa baleia encalhada na praia); "Janela de oportunidade", da americana Lisa Stengel (que mostra um ataque de um Dourado-do-mar, caçando comida dentro de um gigantesco cardume); "Mergulho bombástico, do americano Kat Zhou (que registra gansos-patola mergulhando atrás de comida em Shetland, na Escócia) e "Atração estrela", da britânica Jenny Stock (com um tapete feito de milhares de estrelas-do-mar).
Se eu já tinha a certeza de que o mundo submarino era um lugar inexplorado (por mais que cientistas, fotógrafos e cinegrafistas já tenham singrado os quatro cantos do planeta), imagine então agora diante de tais imagens. E esse é um legado que, infelizmente, a humanidade se recusa a aceitar: somos poeira diante do universo. E ainda assim precisamos testemunhar diariamente a prepotência do bicho homem.
Para quem desejar ver mais fotos, se deslumbrar com a coragem e obter mais informações acerca do concurso, entrem em https://underwaterphotographeroftheyear.com/. Aposto que ficarão encantados (eu, com certeza, fiquei).
Dizer mais o quê após essa experiência em que eu nem precisei molhar os pés na água? 1) Imersão é isso aqui e não essas exposições estilosas e caras de hoje em dia; 2) a única certeza que eu tive foi de estar em êxtase diante do quão grande - e indecifrável - é isso que chamamos de mar.
Agora é melhor eu me calar e procurar assunto para o próximo post.
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