Eita: interjeição; usada para expressar surpresa, espanto, admiração ou susto. E Lenine, em seu novo álbum (e filme no youtube) professa todas essas vertentes. Não tem muito tempo o cantor e compositor pernambucano considerou abandonar o ofício. Mas não conseguiu. A música, quer que ele queira ou não, está dentro dele. Guia seus passos, suas intenções, seu modus operandi.
E nessa nova empreitada musical aguarde por muita emoção. Homenagens à esposa, ao neto. Parcerias luxuosas com Lula Queiroga, Lenine, o próprio filho, João Cavalcanti. Participações especiais de Maria Bethânia, Maria Gadú. E, claro, uma sonoridade única que só ele foi capaz de produzir nos últimos anos de MPB.
Seu megafone verbal está inspirado: deixa claro que não tem tempo a perder com vacilões e faladores de baboseira. E contrasta isso com a presença do folclore brasileiro e a mais fina arte tupiniquim.
Das 11 faixas, as que mais me ganharam foi "Boi xambá" e "Deita e dorme", mas no geral é um trabalho pra lá de intimista.
Digo mais: acompanho Lenine desde os tempos de Na pressão e Falange Canibal, e poucas vezes vi Lenine tão pessoal, tão direto, tão disposto a ir pro combate, descontente que está com a atual civilização. Contudo, também vejo aqui muito de "mantenho minha esperança ativa", "quero continuar tentando, lutando, enfrentando, encarando o leão de frente, ao preço que for".
E isso é legítimo, válido, da primeira à última faixa. Ouçam. De preferência, mais de uma vez. Apreendam suas palavras, sintam a melodia. Em meio a tantos falsos cantores, na verdade mímicos de quinta categoria, é tão bom ver alguém que sabe o que diz, sem freios e com qualidade. Logo, aproveitem. Ao máximo. A música também serve pra isso.

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