Recebo a notícia através de fóruns e sites sobre cinema dos centenários dos atores Richard Burton (1925-1984) e Rock Hudson (1925-1985), ícones da chamada "Era de ouro do cinema hollywoodiano". E, claro, eu não poderia desperdiçar a chance de falar sobre a carreira de ambos.
A lembrança de Burton me toca mais fundo, pois ele era um dos atores favoritos do meu pai, que volta e meia me dizia, quando sentávamos em frente ao VHS ou ao DVD para assistir alguma coisa: "foi o artista mais elegante que hollywood já produziu". Achava que fosse um exagero de fã da parte dele, mas quando comecei a assistir aos seus filmes entendi perfeitamente o que ele queria dizer.
Richard Burton possuía um requinte que anda em falta no cinema americano. Interpretasse ele Shakespeare ou um mero soldado, e ainda assim ficaríamos mesmerizados com seu olhar, sua astúcia, sua verve interpretativa. Participou de clássicos eternos da sétima arte como 1984, Cleópatra, Os selvagens cães de guerra, Quem tem medo de Virginia Woolf?, A megera domada, O manto sagrado (que eu cansei de rever na época em que a Rede Globo passava coisas boas de madrugada), Zulu e também de um dos meus filmes preferidos desde que eu me entendo como cinéfilo: Equus.
Seus dois casamentos com a atriz Elizabeth Taylor renderam muitas histórias em hollywood e ele também faz parte da galeria de artistas geniais que nunca ganharam um Oscar (e depois querem que eu acredite no juízo de valor dessa Academia!). Mais do que isso: junto com o ator Peter O'Toole - o eterno Lawrence da Arábia - ele é líder em indicações à estatueta, o que torna o esquecimento ainda mais vergonhoso.
Já Rock Hudson eu conheço menos a obra e mais as polêmicas que o envolveram. Homossexual não assumido, ele manteve por quase toda a sua carreira o mistério por trás de sua vida sexual, até sua morte, vítima da AIDS (numa época em que a doença era chamada por muitos de "peste gay", gerando muitas discussões em meio à opinião pública). O casamento com Phyllis Gates - que muitos acreditavam ser apenas por interesse comercial - também foi alvo de muitas especulações.
Conheço mais a fama de Hudson do que sua própria carreira. Até o presente momento, de seus projetos, só assisti Tobruk, Adeus às armas e Missão no Ártico (também conhecido como Estação Polar Zebra) e reconheço que estou em déficit com a filmografia do artista.
Relembrar desses dois ícones do cinema americano me fez lembrar (mais um vez) do quanto, nos últimos anos, temos falado mais dos grandes artistas que partiram do que de uma nova geração realmente relevante para a indústria cinematográfica, e isso é por demais preocupante. Que os deuses do cinema nos tragam novos ares. Nós, cinéfilos raiz, merecemos!

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