quinta-feira, 11 de julho de 2024

R.I.P Shelley Duvall


É impressionante como nos últimos anos hollywood se despediu de pessoas que marcaram profundamente a minha adolescência (principalmente o período em que eu vivia dentro das videolocadoras à caça de VHS antigos e nostálgicos). Não tem nem duas semanas vimos Donald Sutherland partir e antes dele outras figuras lendárias que fazem com que a sétima arte nunca seja esquecida em sua genialidade (Jean-Paul Belmondo, Marcello Mastroianni, etc).

A perda da vez é Shelley Duvall (aos 75 anos) e, para mim, é praticamente impossível não associá-la logo de cara com a Wendy Torrance de O iluminado e vê-la fugindo de Jack Nicholson e seu machado ensandecido pelos corredores do hotel overlook. Mas acreditem: ela foi bem mais do que essa cena hoje cult.

Desde já, me ressinto diante dos leitores deste blog: eu não assisti tanta coisa com Shelley quanto gostaria (e pretendo corrigir essa injustiça procurando por longas antigos com ela pela internet), mas do pouco que a vi em cena me impressionei - e muito. Shelley é uma figura que vai fazer falta na indústria cinematográfica norte-americana. 

Ela cantou, dançou, sensualizou (embora tivesse uma silhueta meio andrógina que não coubesse no estereótipo do que os EUA gostavam de vender como beleza), foi a Olívia palito, namorada do Popeye no subestimado longa do diretor Robert Altman, esteve em Nashville - um marco do cinema made in USA, até hoje inimitável -, marcou presença em Noivo neurótico, noiva nervosa, de Woody Allen e Os bandidos do tempo, filme de Terry Gilliam que precisa ser redescoberto urgentemente, e até na clássica série de TV Baretta, com Ben Gazzarra, deu seu recado.

Muita gente nunca entendeu quando ela simplesmente sumiu de hollywood e preferiu permanecer no ostracismo (certamente por alguma sacanagem que fizeram com ela, como aliás é bem a cara do american way of life!). E agora eis a triste e derradeira notícia de sua morte. Eu ainda a imaginava regressando para um último longa com um diretor de renome. Infelizmente, suas complicações com a diabetes não tornaram o meu sonho possível. 

Enfim... está ficando cada vez mais difícil ser cinéfilo em meio a tantas despedidas e renovações tão pífias nos últimos anos.


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