segunda-feira, 22 de julho de 2024

A morte de Eminem ou da cultura pop?


Eu sempre achei o rapper Eminem um revoltadaço com cara de sonso, de "tô nem aí pra essa porra toda que chamamos de mundo". E quando assisti ao filme 8 Mile - Rua das ilusões, do diretor Curtis Hanson, pelo qual chegou a ganhar um Oscar de melhor canção, tive ainda mais certeza disso. Mas como sua via de expressão é o hip-hop, pensei: "então está tudo certo". Vejo o estilo musical, desde que o ouvi pela primeira vez, como um grande desabafo ou tapa na cara do sistema.

E com seu novo álbum, The death of Slim Shady (Coup de Grâce), ela leva isso à máxima potência. Em muitos sites de música já falam até que o cara enlouqueceu de vez! Será o fim dele ou simplesmente a cultura pop que virou pó? 

Slim Shady, alterego de Eminem, escracha geral do showbiz sem dó nem piedade, e com uma simplicidade assustadora. Canção a canção, ele questiona a autenticidade das personalidades públicas e a obsessão da cultura pop com a celebridade. E eu que sou crítico em demasia de quem coloca tudo na conta do status e da riqueza, fiquei realmente impressionado com os colhões do compositor. 

Eminem pede que as pessoas sejam elas mesmo ao invés de meras fotocópias embaçadas de divas pop fúteis, que só faltam falar com a bunda, e valentões cheios de marra e atitudes forjadas. Ou seja: prevejo ele sendo atacado de tudo quanto é lado nas próximas semanas, principalmente por artistas do próprio segmento do qual faz parte. 

Os nomes das faixas por si só já fornecem um leve aviso sobre o conteúdo das letras: "Evil", "Antichrist", "Trouble", "Lucifer", "Guilty conscience 2", "Bad one", "Somebody save me"... o cantor constrói um bunker de acusações sobre a atual sociedade, contaminada por redes sociais descartáveis e costumes cada vez mais deploráveis. E, claro, com um "fuck off" e um "shut up!" entre uma rima e outra para não perder o costume. 

E parece, a priori, que vem agradando bastante gente: The death of Slim Shady tirou o álbum da queridinha do momento, Taylor Swift, The tortured poets department, do topo das paradas de sucesso. Porém, cabe aqui um breve aviso: só ouça o álbum se estiver mesmo de saco cheio dessa babaquice toda em voga. Não é um trabalho musical para bajular moralistas e baba-ovos. Portanto, a cara do Eminem.   

Agora é com vocês!


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