Eu fiquei uma semana pensando a respeito depois que vi a escultura a primeira, a segunda e a terceira vez. E, claro, também a quarta, a quinta, enfim... Inúmeras vezes. E em todas elas a minha impressão foi a mesma: é esse o futuro da arte? Meu Deus! Estamos realmente em rota de colisão com algo assustador.
Coisa de uns dois, sei lá, três meses atrás, estava postando em minhas redes sociais sobre o futuro do mercado de artes com a chegada das NFTs e a nova modalidade de "pintura". E já ficara assombrado ali. Agora, com a ascensão da Inteligência artificial - e seu uso, por vezes, leviano, gratuito, sem pensar, etc - a situação deteriora de vez.
A estátua impossível, primeira obra criada por IA, exposta no Museu de Tecnologia de Estocolmo, é o começo de um legado (a meu ver) fúnebre. Leia-se: os artistas perdendo cada vez mais espaço em nome de uma novidade, no mínimo, estranha.
Feita de aço inoxidável, medindo 150 centrímetros de altura e pesando 500 quilos, representa uma mulher com metade do corpo coberto por uma espécie de túnica, segurando um globo de bronze na mão esquerda. No entanto, eu não soube dizer ao certo o que meus olhos viram. A princípio lembrou-me uma jogadora de basquete (por causa do globo). Cheia de músculos definidos, bem a cara dessa sociedade fitness do século XXI, veste uma... O quê? Uma túnica? Parece mais uma saia. Não quero ser injusto com a vestimenta, mas... Não consigo precisar do que se trata. Algo mais? Não. À primeira vista, é apenas isso. Tirem suas próprias conclusões. Talvez encontrem ali algo que eu não encontrei.
Julia Olderius, encarregada de inovação do museu, diz em entrevista que a obra se trata de uma fusão do trabalho de cinco mestres - dentre eles, Rodin e Michelangelo - que, por serem de épocas distintas, jamais colaborariam num projeto não fosse dessa forma. Pareceu-me uma boa desculpa. Diz mais: que devemos nos adaptar ao futuro. Até aí eu entendo, porém... Como enxergar o futuro numa peça que mais parece um mosaico, uma colagem confusa, feita às pressas?
Será isso o futuro? Essa coisa linha de montagem, como o filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin? Essa coisa corrida, imprecisa, mal feita, mas apta a obter resultados astronômicos? No Twitter muitos anúncios prometem uma revolução no mundo dos negócios com a chegada da IA. De minha parte só tenho a dizer de concreto o seguinte: temo pela humanidade dentro desse jogo sórdido e vazio.
E como esta breve postagem não encontrará uma resposta em breve (longe disso!), resta aguardarmos - como já bem disse no passado a programação televisiva - as cenas dos próximos capítulos dessa novela que mal acabou de ser escrita.
Ou se vocês, caros leitores, preferirem: rezemos.
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