Ontem li em vários perfis do twitter que o longa Uma Cilada para Roger Rabbit, de Robert Zemeckis, completou 35 anos de existência e tive duas reações distintas. A primeira, de espanto. Jura? Já tem isso tudo? Eu era mero adolescente quando esse promissor projeto (hoje cult) estreou nos cinemas de subúrbio aqui perto de casa. A segunda, de estranhamento. Eu lembro de ir assistir o filme no final do ano. Depois lembrei-me que os sucessos hollywoodianos entravam em cartaz por aqui bem depois, não tinha muito esse lance de lançamento simultâneo.
Reações à parte, sentei-me de frente pra tv e reassistir o filme, misto de live action e animação, um pioneiro nessa mistura a entrar em cartaz (pelo menos para mim). E acreditem: continua impecável!
Acompanhamos o detetive Eddie Valiant (Bob Hoskins) - que detesta desenhos sumariamente, pois seu irmão foi morto por um - investigando o assassinato de Marvin Acme (Stubby Kaye), executivo-mor do ramo de animações. E o principal suspeito, que jura de pé junto não ter nada a ver com o crime, é o coelho tresloucado (voz de Charles Fleischer, extraordinário!) que dá título ao longa. O motivo: sua mulher, Jessica (voz de Kathleen Turner), seria amante de vítima.
Juntos precisam enfrentar a polícia, o Juiz Doom (Christopher Lloyd) e seus asseclas, as doninhas, e principalmente a loucura que é o mundo das animações. Detalhe importante: há a presença de desenhos dos mais diversos estúdios, de Mickey Mouse à Pernalonga, de Betty Boop à Pica-pau e muito mais. E a mescla entre seres humanos e desenhos é extremamente bem feita. Imagino o filme sendo realizado hoje, com todos os avanços tecnológicos.
Que me perdoem os fãs de Space Jam com Michael Jordan ou LeBron James dividindo tela com os looney toons ou tudo mais que veio em seguida nesse segmento, mas nada supera a façanha de Zemeckis (para mim, bem mais diretor do que a indústria do cinema americano gosta de reconhecer). Uma Cilada para Roger Rabbit é a mistura perfeita de estilos e formatos, daquelas produções cinematográficas (digo mais: experiências) que somente de tempos em tempos dão as caras na meca do cinema. E isso, claro, é uma pena!
Volta e meia o revejo em algum canal de tv a cabo ou pirateando na internet mesmo e sempre me deparo com algo que deixei escapar anteriormente.
E isso me faz pensar numa questão de difícil debate: tendo em vista a crise na Pixar, que vem sofrendo acusações de não ser mais a mesma dos bons tempos de Toy Story e Wall-E, e ter se entregado de vez ao mercado de continuações e spinoffs, pergunto-me a todo momento qual será o futuro dos desenhos animados.
Muitos dirão: "mas há o sucesso da franquia Aranhaverso e recentemente Love, death and robots, da Netflix, recebeu inúmeros elogios, mas é preciso ficar de olho. Leia-se: reinventar-se. Pois foi exatamente esse o segredo do sucesso do longa de Zemeckis (responsável por outras grandes produções como a trilogia De volta para o futuro e o vencedor de 6 Oscars, Forrest Gump): ele levou as animações - e os live actions - para um outro lugar. E muita gente não entendeu isso até hoje.
E, no geral, que o que fica de legado é que esse aqui foi um divisor de águas, ah não tenham dúvidas! E resta saber: será que veremos uma continuação dele algum dia ou é melhor deixar quieto, porque os estúdios só estão deixando a desejar nesse sentido? Fica a dúvida no ar.
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