domingo, 10 de janeiro de 2021

Quando a lua cheia chegar


Eu não sei exatamente o que aconteceu com o gênero terror em hollywood, mas de uma coisa eu tenho certeza: todas as melhores lembranças que eu tenho sobre o gênero estão comemorando entre três e quatro décadas de existência e sem perder um pingo de sua relevância cultural. No final das contas, acredito que isso se deve ao fato de nós, espectadores daquela época, estarmos interessados num tipo de cinema que, honestamente, não se faz mais nos dias de hoje porque os realizadores atuais muitas vezes preferiram dar mais protagonismo aos efeitos especiais do que a uma boa história. 

Fiquei pensando nisso essa semana enquanto assistia a um exemplar ruim do gênero no canal a cabo TNT e me deparo com a notícia de que o clássico eterno Um lobisomem americano em Londres, do diretor John Landis, está completando 40 anos em 2021. E imediatamente a parte nostálgica do meu cérebro começou a trabalhar e me relembrei de todas as vezes que vi o longa. 

Um lobisomem americano em Londres é um marco do cinema de terror de todos os tempos (pelo menos, para este que vos escreve) porque não inventa teorias absurdas, não insulta a inteligência de seu espectador - em essência, adolescente - e também não se torna refém de sustos bobos e artimanhas baratas (algo que tenho visto muito nos últimos anos!). 

Acompanhamos a história dos dois mochileiros David Kessler (David Naughton) e Jack Goodman (Griffin Dunne) que são deixados por um caminhoneiro numa estrada deserta para continuarem sua jornada. Eles até param numa taverna para um breve intervalo e se deparam com a hostilidade dos frequentadores do local. Resultado: "melhor pegarmos nossas coisas e dar no pé". A noite chega, o ambiente fica soturno e eles são atacados por um lobisomem. Jack morre na hora, mas David sobrevive graças a ajuda dos homens que se encontravam no bar. 

Ele é levado para um hospital onde é tratado e interrogado por policiais. Conhece a enfermeira Alex Price (a belíssima Jenny Agutter), por quem se apaixona e logo recebe alta, indo morar com a moça em seu apartamento. Mas com o passar dos dias começa a sentir coisas estranhas. A ter instintos que nunca teve antes. Até que recebe a visita do companheiro morto, que vem lhe avisar que ele se transformará numa criatura igual a que o matou na próxima lua cheia. A consequência disso? Os fãs oitentistas já conhecem de cor e salteado. 

O diretor John Landis - realizador dos ótimos Clube dos Cafajestes e Os irmãos cara de pau - fez história com o longa, chamando a atenção da crítica especializada na época e também do rei do pop Michael Jackson, para quem realizou o antológico clipe Thriller dois anos depois (vídeo este que hoje se encontra catalogado na Biblioteca do Congresso nos EUA). Digo mais: junto com O exorcista, de William Friedkin e O bebê de Rosemary, de Roman Polanski, compõe uma trinca insubstituível no quesito "filmes de terror irretocáveis". 

A cena de transformação de David em lobisomem, que deu ao mestre Rick Baker o Oscar de maquiagem no ano seguinte, é das sequências mais fenomenais que eu vi até hoje. E olha que eu já vi foi coisa marcante nesses mais de 30 anos assistindo cinema! Passei anos da minha vida querendo saber como a cena foi realizada e só tive o meu desejo atendido quando comprei o DVD edição de colecionador do filme e sentei para ver os extras. E continuei impressionado. Imaginem isso sendo feito com a tecnologia de última geração de hoje em dia (e não me refiro a CGI, não!). 

Outro ponto que sempre achei um toque de mestre do diretor é o desfecho do longa, com a morte da criatura num beco, ao som de "Blue Moon", da banda The Marcels. Normalmente se esperaria um final com uma trilha sonora melancólica, quiçá fúnebre, e ele engata num sensacional rock n' roll clássico, como que dizendo para os espectadores de seu projeto: "gente, a vida continua...". 

Entro no site do IMDb para obter algumas informações sobre o filme e me deparo com a informação de que anunciaram um remake dessa obra-prima. Confesso: temi pelo pior na hora. Já não bastasse o detestável Um lobisomem americano em Paris, de Anthony Waller, realizado 16 anos depois, ainda por cima teremos de aturar mais essa infâmia. Enfim... Hollywood é a eterna fábrica de remakes que ela se tornou nos últimos anos. 

Agora, para quem não está interessado em releituras e versões novas "feitas para uma nova geração de cinéfilos", assistam o original. Procurem o DVD com os extras e se divirta. É entretenimento como há anos o cinema americano vem deixando de fazer, para perder tempo com heróis rebuscados e tramas insossas. 

P.S: ah que saudade da Sessão das Dez, no SBT, nos anos 80 e 90, que passava relíquias como essa pequena e notória obra prima!!! 


6 comentários:

  1. Eu terror favorito !!
    Até hoje a melhor cena de transformação que já assisti ! Os melhores realmente estão no passado. Obg por me relembrar

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  2. Com certeza o melhor filme de lobisomem feito até hoje, e ao lado de exorcista é o melhor filme de exorcismo.

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  3. Com certeza o melhor filme de lobisomem feito até hoje, e ao lado de exorcista é o melhor filme de exorcismo.

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  4. os dois melhores filmes de lobisomens pra mim : Um lobisomem americano em Londres e o Grito de horror. E Tem uma cena no filme A Hora do Espanto , em que um garoto que era lobisomem , apos ser ferido por um pedaço de madeira , se transforma em humano e morrer.(cena épica do fllme)

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