Alguns artistas tocam seu instrumento, chamam atenção, levam o público ao delírio. Outros são o instrumento. E fica praticamente impossível aos ouvintes de bom gosto discernir entre um e outro. Jimmy Page, ídolo eterno, que completa 80 anos hoje, é um desses. E digo mais: quando penso na "cara do rock n'roll" ele certamente é uma das primeiras pessoas que me vêm à mente.
Do The Yardbirds ao Led Zeppelin, passando por toda a fúria e o reacionarismo que você puder imaginar (principalmente nos anos 1970), com direito ainda a doses cavalares de experimentalismo, contracultura e sarcasmo puro. Assim é uma das figuras mais impressionantes da história da música mundial.
Por apenas dois momentos ímpares eu já teria um milhão de motivos para defendê-lo de quem quer que seja. Me refiro, logicamente, à "Stairway to heaven" e "Kashmir", hinos incontestes de uma geração. Contudo, como não lembrar de Page após ouvir (e reouvir ad infinitum) pérolas como "Black Dog", "Rock and Roll", "Whole Lotta Love" - considerado por muitos o riff definitivo do rock -, "Immigrant Song", "Dazed and Confused"... Uau! A lista é imensa e desde já peço desculpas por não reproduzí-la toda nesta singela homenagem.
Lembro dele no documentário The Song remains the same - que revi recentemente - e do delírio que senti ao ouvir sua guitarra frenética. Lembro também de quando ele esteve aqui no Brasil, junto com seu parceiro Robert Plant, para se apresentar no Hollywood Rock (show esse que é facilmente encontrado no you tube. Procurem!). Lembro dele, enfim, no show de reencontro do Led Zeppelin após tantos anos do fim da banda. E sério! A banda tinha que acabar mesmo? Até hoje eu não digeri essa informação.
Aliás, falei de Page no Brasil agora há pouco. O gênio da guitarra morou por aqui na cidade de Lençóis, na Bahia, entre 1994 e 2008. Conviveu de perto com Pepeu Gomes, Robertinho do Recife e outras feras tupiniquins. Chegou até a doar uma grana para ajudar jovens de baixa renda, que levou à criação da Casa Jimmy.
Só por ter feito parte de uma geração que nos legou Jimi Hendrix, Eric Clapton, Jeff Beck e Pete Townshend, eu poderia dizer a vocês com a maior calma do mundo: "é... o cara era foda!". Entretanto, isso somente não explica sua grandeza, seu talento, seu feeling no palco. E se você não o viu no palco está lendo tudo isso aqui à toa. Jimmy Page precisa ser sentido, e não simplesmente visto ou lido (mesmo havendo obras literárias interessantíssimas sobre o seu trabalho nas livrarias).
Ao fim, o que me resta dizer é: o camaleão do rock - é assim que gosto de chamá-lo - ainda está vivo e muito vivo. E como é bom saber disso em meio a tantas notícias ruins envolvendo o mercado fonográfico nos últimos anos.
Que venha o centenário, mestre!!!
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