Quase perco a extraordinária exposição Walter Firmo: no verbo do silêncio a síntese do grito, que vai até amanhã no Centro Cultural do Banco do Brasil.
Impossível explicar o mestre Walter Firmo sem ver suas imagens acachapantes. São mais de 200 fotos feitas entre os anos 1950 e 2021, que retratam desde a população cotidiana até a cultura negra enraizada em várias regiões do país.
E diferentemente de muitos fotógrafos famosos que escolheram retratar a fama e o show business, Walter viu no comum, no ordinary people, uma excelência que poucos conseguiram vislumbrar.
Vemos desde a empregada doméstica de um subúrbio longínquo até a cantora Maria Bethânia (porém esta última, desprovida da ideia de artista, e sim num momento casual, de folga). E ainda dá para saborear um Pixinguinha numa cadeira de balanço... Sim, a expo chega nesse nível de intimidade.
Firmo gosta daquilo que a grande maioria da população, na maioria das vezes, prefere virar a cara ou fingir que não existe, pois não tem vocação (segundo eles, os pobres coitados!) para ser lembrado ou notado. Para ele, a sociedade civil e a classe trabalhadora são o que há de mais moderno em termos de civilização. E ponto.
Recomendo muito a quem curte fotografia. Eu mesmo, confesso, adiei a ida ao CCBB por tempo demais, injustamente. Deveria ter comparecido bem antes. Mas minha agenda cheia não permitia. Por favor, não cometam o mesmo erro. Sabe lá Deus quando poderemos ter essa chance de novo.
Se eu pudesse resumir o que vi numa reles frase seria: Walter Firmo é a cara do Brasil, sem mudar uma vírgula, um traço sequer.
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