Sempre tive curiosidade pela década de 1960, considerada por meus pais e seus colegas de trabalho como "a melhor da história da humanidade", por conta do sem número de manifestações artísticas e revoluções ocorridas no período. Sim, meus caros leitores! Para quem nunca leu a respeito a referida década foi um enxame inigualável de acontecimentos históricos os mais diversos.
E dentre eles, provavelmente o mais conhecido - e com folga -, tenha sido a Beatlemania. Contudo, se iludem aqueles que pensam tratar-se o fenômeno dos Beatles de uma mera histeria, paranoia ou perseguição a um quarteto de rock n' roll (se ocorresse hoje, eles certamente seriam chamados de boy band).
O Fab Four - ou simplesmente John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr, jovens oriundos de Liverpool - foi uma façanha musical tão gigantesca, que até hoje não conseguiu ser inigualada na história do mercado fonográfico. E acreditem: isso não é pouca coisa.
Logo, onde encontrar informações minimamente coerentes sobre a banda que abalou o Reino Unido, bem como o resto do mundo? E quando escrevo "minimamente coerentes", digo isso justamente por conta da dificuldade de retratar a trajetória de um grupo tão icônico - e, por isso mesmo, repleto de especulações - como esse.
E o que mais próximo conseguiu chegar dessa empreitada foi The Beatles - a única biografia autorizada, do escritor e biógrafo Hunter Davies. E desde já adianto: trata-se de uma obra literária anos-luz da perfeição, mas que se encaixa como uma luva no gosto duvidoso dos adoradores de biografias chapa-branca (segmento esse que anda em ascensão aqui pelo Brasil nos últimos anos).
No livro de Davies, ficamos sabendo como os quatro se conheceram, da turnê em Hamburgo que deu o pontapé inicial à banda, da expulsão de Pete Best, o baterista original (e para muitos fãs do grupo, infinitamente superior à Ringo), de como suas vidas cruzaram com a do produtor Brian Epstein, das turnês e gritarias por onde quer que se apresentassem, do envolvimento com as drogas até a viagem à Índia... Em suma: do básico.
Entretanto, o autor acaba por perder tempo em demasia com aspectos não tão interessantes da vida do quarteto. Daí o eterno problema das chamadas biografias autorizadas (e nesse sentido eu entendo com folga a comemoração de quem vibrou, aqui no país, com a liberação das biografias sem autorização prévia por parte do STF, discussão essa iniciada quando da proibição da venda do livro Roberto Carlos em detalhes, do escritor Paulo César de Araújo).
Afinal de contas, fã que é fã raiz quer saber muito mais sobre o processo criativo de álbuns como Abbey Road, Sgt. Pepper e Magical Mistery Tour do que da vida em família dos integrantes da banda. E nesse ponto o livro pisa na bola em alguns momentos.
Digo mais: não fosse o pós-escrito realizado pelo autor em 1985, talvez eu tivesse até abandonado a leitura pelo meio do caminho. Eu sei... Uma pena! Podemos elogiar o esforço de Hunter e sua luta para conseguir realizar uma obra relevante. O problema mesmo são os parentes e amigos do quarteto que volta e meia adoram abafar informações mais inusitadas e polêmicas. Pelo menos não compromete tanto o trabalho no quesito "registro de uma era", pois ainda assim foi possível imaginar o que foram aqueles anos loucos.
Agora só me resta, assim que puder, tomar coragem para ler a imensa The Beatles - a biografia, escrita por Bob Spitz, e rezar que ela seja um pouco mais corajosa e livre de interferências externas. E quem sabe até eu não apareça por aqui de novo para falar a respeito... John, Paul, George e Ringo certamente merecem!!!
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