Ele já foi chamado de "o astro do século" e, podem acreditar!, mereceu cada verbete dessa frase. E num mundo onde lendas são construídas a cada ano com menos intensidade (pois os canastrões e sem talento ditam a tônica da hollywood atual), manteve seu reinado até com certa folga.
Sim, falo dele, do único, Mr. Harrison Ford, que na última quarta-feira completou inacreditáveis 80 anos de idade, cheio de energia e apto a lançar em 2023 mais um longa da franquia Indiana Jones. Contudo, embora a grande maioria do público que veja os seus filmes no cinema e na tv o reconheça mais pelo professor de arqueologia mais famoso do mundo ou na pele do piloto Han Solo de Star Wars, acreditem: sua carreira foi bem mais versátil do que isso. E caso os nerds de plantão não a conheçam como um todo, já passou da hora de correrem atrás do prejuízo.
E é preciso para isso voltar bem lá atrás, mais precisamente no ano de 1973, quando seu personagem, Bob Falfa, deu as caras (junto com outras dezenas de futuras estrelas) em Loucuras de verão, de George Lucas. Hollywood e o mundo ainda não sabiam, mas nascia ali um grande fenômeno cinematográfico.
Do rebelde sem causa ao eterno parceiro de Chewbacca, passando pelo Barnsby de Comando 10 de Navarone (longa de Guy Hamilton que, aliás, precisa ser redescoberto pelas novas gerações) e a participação especialíssima como Coronel Lucas em Apocalipse now, épico definitivo sobre a guerra do Vietnã, dirigido por Francis Ford Coppola. Mas calma... Ele ainda estava apenas aquecendo a máquina. O melhor ainda estava por vir.
A partir de 1981, com Os caçadores da arca perdida, primeira aventura na pele de Indy e começo da parceria com Steven Spielberg, ele iniciava um legado extraordinário e poucas vezes visto na história do cinema norte-americano. Blade Runner - o caçador de andróides, de Ridley Scott (o qual sou suspeito para comentar, pois considero a melhor sci-fi que eu vi até hoje); A testemunha, de Peter Weir (dos longas mais subestimados da história de hollywood); Busca frenética, de Roman Polanski (que eu tenho tentado rever nos últimos anos, sem sucesso); Acima de qualquer suspeita, de Alan J. Pakula (drama criminal que há anos não vejo similar na indústria)... E isso para se limitar rapidamente ao básico, pois sim, há muito mais.
Com Jogos patrióticos e Perigo real e imediato deu corpo e voz à Jack Ryan, personagem-síntese da obra literária de Tom Clancy; Já na pele do Dr. Richard Kimble, de O fugitivo, desconstruiu um protagonista icônico da televisão. E para quem acha que ele já aprontou o suficiente até aqui, é porque vocês não o viram empunhando a faixa presidencial e massacrando os terroristas em Força aérea um, de Wolfgang Petersen.
Já a partir de 1998, com Seis dias, sete noites, de Ivan Reitman (da franquia Os caça-fantasmas), é preciso confessar que sua carreira perdeu um pouco de fôlego em meio a dramas rasos e um ou outro filme policial de pouca ou nenhuma repercussão. Entretanto, ainda é possível dar umas boas gargalhadas com o âncora de tv antipático Mike Pomeroy de Uma manhã gloriosa, do diretor Roger Michell e curtir o caubói Woodrow Dolarhyde de Cowboys & Aliens, de Jon Favreau (embora tenha perdido o cargo de protagonista para outras estrelas, como Rachel McAdams e Daniel Craig).
Houve até uma aparição ligeira (e bem curtida pelo público) como o piloto Drummer em Os mercenários 3, de Patrick Hughes, mas o que o trouxe à baila - e ao tapete vermelho - novamente foi reeditar seus personagens mais famosos. É, eu sei... Han Solo morrer no episódio 7 de Star Wars deixou muito fã raiz puto da vida, mas... Há que se entender que são outros tempos, outra geração de espectadores.
E mesmo com Spielberg cedendo a cadeira à James Mangold (interessante diretor, responsável por filmes como Copland, Johnny & June e Logan) no próximo filme do Indy, o interesse do público - repleto de nostalgia, é bem verdade! - não esmorece. E Harrison tem tudo a ver com isso. Nesse sentido, ele é como o Tom Cruise e seus personagens, Maverick e Ethan Hunt. Não importa idade, não envelhece nunca.
E, cá entre nós, será assim até seu último dia de vida. Mas com um adendo: sabendo tirar sarro com sua própria história e carreira, com bem o faz em programas como o talk show com Jimmy Fallon e premiações como o AFI entregue ao seu parceiro e mestre das trilhas sonoras, John Williams (procurem no youtube e saberão do que eu estou falando!).
Só faltou dizer, depois de todo esse palavreado, que eu também aguardo a próxima estreia do eterno astro. E vocês, não?
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